É prática comum, no
meio dos artistas independentes dos Quadrinhos, o lançamento de edições
ecléticas, apresentando histórias produzidas por artistas de estilos diversos
& distintos. Quem se dispuser a catalogar esse tipo de publicação, cada vez
mais habitual a partir de meados da década de 90 do século passado, vai ter um
trabalho danado.
A divisão das despesas
da tiragem talvez seja o principal motivo, ou melhor dizendo, o motivo mais
prático para o crescimento deste tipo de publicação. Mais recentemente,
publicações assim servem como divulgação de sítios e blogues internéticos dos
autores, onde têm mais chance e mais espaço para apresentar suas obras.
Uma recente edição eclética
de artistas independentes dos Quadrinhos acaba de parar em minhas mãos. Batizada
Qico
(Quadrinistas Independentes do Centro-Oeste – 22cm x 16 cm, capa couchê
colroida, miolo de 40 páginas tons de cinza em couchê), reúne uma seleção de
jovens & talentosos(as) artistas do centro-oeste brasileiro. Lê-se na
quarta capa da edição:
É
a reunião de histórias e tiras de alguns quadrinistas independentes do
centro-oeste. Esta edição tem romance e suspense, ação e heroísmo reflexão e
humor, tem aviador, super-herói, médico, artista plástico e até caçadora de
vampiros! Tem histórias para todos os gostos!
Aqueles que, como eu,
já estão muito mais perto dos cinquenta anos de idade, do que dos vinte, deve
se armar de paciência e tolerância para analisar trabalhos das gerações mais
jovens. Afinal, não tiveram contato com tantos e tantos personagens da Era de
Ouro que nós tivemos, personagens clássicos que líamos mensalmente e que hoje
se encontram totalmente banidos das bancas. Por isso com muita alegria pude conhecer
esta edição, com histórias produzidas por artistas que estavam nascendo quando
eu já vivia crises existenciais, uma edição que me agradou muitíssimo!
Começa com a melhor de
todas, criação de Heluiza Bragança e Cátia Ana, ilustrada por esta última: ‘Às
Seis’ é uma narrativa poética e romântica maravilhosa, emocionante mesmo, algo
que só vi parecido no fanzine dos irmãos Damas (confiram aqui http://www.jupiter2hq.blogspot.com.br/2012/02/um-fanzine-romantico.html:).
Como vocês sabem, eu também venho tentando trilhar esses caminhos românticos
com o título Romance Em Quadrinhos da
Júpiter II, mas não posso negar: ainda tenho que ralar muito, para chegar onde
já chegaram Heluiza, Cátia Ana e os irmãos Damas. De Cátia Ana ainda temos uma
página de cativante sensibilidade, chamada ‘Conservas’, sobre as fases da vida
de uma mulher (vou repassar o sítio internético da moça, para que possam melhor
conhecer esse magnífico trabalho: www.odiariodevirginia.com).
Em seguida temos
‘Lupus’, produzida por Daniel Costa, apresentando seu simpaticíssimo
personagem, o jovem super-herói Rboy,
que trabalha numa organização especializada em encontrar e combater monstros. A
despeito do cenário todo dark, o
herói é bem-humorado, sempre brincando com seus parceiros. Pena que temos
somente um capítulo da história, onde Rboy está no encalço de um lobisomem – a
história segue no sítio www.hotmindcomics.com.br).
‘Meus Nervos’, que vem
na sequência, apresenta trabalho de Sólon Maia, retratando num estilo muito
peculiar as atribulações de um médico de hospital público, que além dos
pacientes convive diariamente com Deus e com a morte. Não gosto das influências
que o autor apresenta aqui (o pior do quadrinho europeu e do underground comics – se é que existe um
‘melhor’ nesses estilos...), e tenho uma visão de Deus totalmente diferente da
que ele possui, mas é inegável o talento do jovem autor (nascido em 1981):
‘Meus Nervos’ possui humor muito perspicaz e inteligente, longe do grosseiro, apontando
as mazelas da saúde pública – não escapa nem o público que dela se serve. Uma
obra com muito mais virtudes do que defeitos (www.meusnervos.com.br).
Chega então a vez do Verdugo, O Inacreditável, da brasiliense
Veronica Saiki. Conheci este personagem e seu universo nos fanzines lançados em
meados da década passada, e confesso que me surpreendi ao não encontrar a
temática ecológica, tão presente nos fanzines. Mas, longe de me decepcionar,
adorei a história em ‘Aonde Quer Que Eu Vá...’, uma narrativa intimista com
visual lisérgico. E algo facilmente perceptível, tanto nos fanzines quanto
nesta história da edição do Qico: o
inegável talento da jovem Very (www.verdugooinacreditavel.blogspot.com.br).
Encerra a edição Jessi & Zack, uma caçadora de
vampiros apaixonada por um sanguessuga galã. Aqui os quase cinquentões, que
cresceram assistindo aos filmes de vampiro da Universal e da Hammer (eram
reprisados continuamente na tv, moçada, bem antes da invenção dos canais de
fibras óticas), vão ter muita dificuldade para entender, mas as tirinhas são
muito bem humoradas e graciosas (www.recantodachefa.blogspot.com).
(JS)
4 comentários:
Olá! Fico grata por um post tão elogioso ao nosso trabalho. Acho que independentemente de qual geração pertençamos a paixão pelos quadrinhos acaba nos unindo numa irmandade só.
Obrigada!!
Cátia Ana
Faço minhas as palavras da amiga Cátia :D
Muito honrada!
Very
Nossa, eu não sou tão jovem assim (34) mas agradeço demais os elogios ao nosso trabalho. Creio que falo por todos quando digo que fazemos com muito amor e dedicação. Peço, humildemente, a todos que seguem esse excelente blog , que continuem seguindo nossos trabalhos que não param nessa edição! Mais um obrigado!
Daniel Costa
ja estou com os dados para o deposito pra comprar o Zine,logo terei em mãos.
ajudando centro o Centro-Oeste.forte abraço.
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