Chico
Spencer, mesmo não sendo ainda um personagem conhecido por
um grande número de leitores, vem promovendo alguns eufóricos admiradores,
gente que entende do riscado e que nos dedica entusiasmados elogios. Talvez por
conta desses elogios, além é claro de meu ego monstruoso, Chico Spencer é um xodó para seu autor, este que vos escreve. Por
isso nossa alegria e responsabilidade a cada novo número desse personagem, como
por exemplo o número 5 que acaba de ser lançado pela cooperativa Júpiter II (21
cm x 15 cm, capa couchê colorida – arte de Emmanuel Thomaz/Elthz – 32 páginas
em preto & branco). Chico Spencer n.5 apresenta duas
HQs, ambas escritas por José Salles: ‘O Contrato’, ilustrada por Elthz e
artefinalizada por Carol Gimka: o robusto detetive, sem se dar conta é alvo de
terrível vingança: um desafeto contrata um matador profissional para dar cabo
dele. Na sequencia, Spencer mostra a um casal amigo ‘O Natal Com Que Sonhei’ –
ok, eu sei que é fora de época, mas creio que a HQ pode ser apreciada em
qualquer data – graças especialmente aos desenhos de Elthz. Esta edição, ainda
mais do que as anteriores, é dedicada especialmente aos amantes dos grandes
musicais de Hollywood dos anos 40 do século passado. (JS)
quarta-feira, 19 de junho de 2013
FANZINE QI CHEGA NA 121a. EDIÇÃO, E SEMPRE MELHORANDO!
Desde sua reformulação
a partir do centésimo número, o fanzine QI do mineiro Edgard Guimarães só vem
crescendo, e esta 21ª. edição (17 cm x 22 cm, 24 páginas p&b, impressão digital) reforça este ponto de
vista. Temos na capa tiras produzidas pelo próprio editor, em 1987, satirizando
famosos personagens infantis como Cebolinha,
Mafalda e Charlie Brown. Depois do breve catálogo de gibis & revistas à
venda, e do editorial (indispensáveis na segunda página da publicação) temos a
indefectível coluna dos ‘Heróis Brasileiros’, sendo abordado neste número o Sepé Tiaraju de Flávio Colin, em artigo escrito
pelo Edgard Guimarães e que vai muito além do personagem, apresentando uma
visão equilibrada da História do período (fins do século XVII), citando todas
as publicações com o Sepé ou que fizessem referência a ele. Worney de Souza,
além de sua coluna habitual (‘Mantendo Contato’), escreve sobre a paulistana
Editora Graúna, que teve sua importância no mercado de Quadrinhos brasileiros
no final da década de 60, chegou até a publicar personagens da Marvel Comics
que se tornariam famosos posteriormente, especialmente o Conan. Mas Worney destaca duas edições em particular, da brevíssima
coleção da revista Far-West, que
apresentou HQs de faroeste produzidas por autores brasileiros – incluindo um
personagem muito interessante chamado Joe Merril, um médico bom de tiro, que
chegou a aparecer em algumas outras aventuras em outros gibis de faroeste
brasuca. Na ‘Mantendo Contato’, Worney aborda três edições distintas, destaque
para Michelle, A Vampira de Emir
Ribeiro, ganhando uma edição capitaneada pelo próprio Worney.
Que bacana, uma página
com tiras do Sacarrolha, o memorável
personagem de Primaggio Mantovi – que foram parar nas mãos do editor e nas
páginas deste número do QI graças ao
boa praça e amigo Paulo Miguel dos Anjos (Benjamin
Peppe). E o editor Ed Guimarães ataca com outro ótimo artigo, sobre a
trajetória do personagem Smilinguido,
não só nos Quadrinhos, bem como produtos diversos. Se no artigo sobre Sepé Tiaraju Ed faz
citação oportuna de Voltaire, aqui ele próprio faz uma troça sobre consumismo que
provavelmente divertiria o próprio Voltaire!
O editor ainda nos
apresenta a coluna (que se tornou uma das favoritas entre os leitores do
fanzine) ‘Mistérios do Colecionismo’, e o tema abordado não poderia ter sido
melhor, particularmente para mim que cresci lendo os formatinhos da Ebal, marcante
era a coleção Edição Extra em formatinho,
que apresentava personagens variados da DC Comics nos anos 70, quando essa
editora ainda publicava alguma coisa que valia a pena. E o Edgard Guimarães nos
passa a relação completa dessa ‘coleção informal’, vamos dizer assim.
Completinha da silva! Amo com afeição nostálgica a coleção Edição Extra em formatinho da Ebal, da qual ainda guardo alguns
excelentes exemplares.
‘No Depoimento do
Editor’ na ‘Memória do Fanzine Brasileiro’, a hora e a vez do jornalista e
historiador auto-didata Gonçalo Júnior, o fanzineiro precoce que se tornou o
notável autor do livro A Guerra dos Gibis,
e de tantas outras notáveis pesquisas. Gonçalo não gosta muito que eu lembre
disso, mas foi seu livro A Guerra dos
Gibis que me inspirou decisivamente para criar a cooperativa que hoje
chamamos de Júpiter II.
Além do Forum e a lista das publicações independentes,
os leitores do renovado QI se acostumaram aos encartes & brindes concedidos
pelo fanzine nos últimos números – e desta feita temos mais três: dois ‘Cotidianos
Alterados’, apresentando num lado da folha um cartum de Edgard Guimarães; e no
verso uma breve crônica informativa-opinativa do editor a respeito de obras que
são verdadeiras raridades na História dos comics,
desta feita os personagens abordados são Max
und Moritz, do alemão Wilhelm Busch (no Brasil publicados como Juca e Chico), os irmãos traquinas e
bagunceiros que serviram de inspiração aos Sobrinhos
do Capitão; e o outro personagem abordado é Nibsy the Newsboy, criação do incrível George MacManus, o célebre
autor de Pafúncio e Marocas/Bringing Up
Father), produzido antes do sucesso deste último. De quebra, um encarte de
oito páginas apresentando o artigo de Gazy Andraus intitulado “A Imagética na
Memória ou A Estruturação da Psique Criativa Infanto Juvenil por meio do
Panvisual”. Calma, não se assustem, eu também pensei que fosse um daqueles
artigos que só se lesse na academia, mas me surpreendi positivamente com o tom
informal e afetivo com que o autor expressa a influência que recebeu, na tenra
idade, dos Quadrinhos e suas variantes, álbuns de figurinhas, álbuns ilustrados
informativos, brindes em outros produtos comerciais, etc. Leitura muito
agradável.
Na contracapa, a intenção do editor é manter os
cartuns de seu personagem Poeta Vital
– produzido entre 1993 e 1994, eu mesmo não me lembrava dele, ou ainda não o
conhecia, parece ser muito divertido. Pra quem ainda não conhece, então é hora
de conhecer não só o Poeta Vital mas
todo o conteúdo do QI, contatando o
Edgard Guimarães em edgard@ita.br (JS)
segunda-feira, 10 de junho de 2013
QUADRINISTAS INDEPENDENTES DO CENTRO-OESTE MANDANDO BEM!
É prática comum, no
meio dos artistas independentes dos Quadrinhos, o lançamento de edições
ecléticas, apresentando histórias produzidas por artistas de estilos diversos
& distintos. Quem se dispuser a catalogar esse tipo de publicação, cada vez
mais habitual a partir de meados da década de 90 do século passado, vai ter um
trabalho danado.
A divisão das despesas
da tiragem talvez seja o principal motivo, ou melhor dizendo, o motivo mais
prático para o crescimento deste tipo de publicação. Mais recentemente,
publicações assim servem como divulgação de sítios e blogues internéticos dos
autores, onde têm mais chance e mais espaço para apresentar suas obras.
Uma recente edição eclética
de artistas independentes dos Quadrinhos acaba de parar em minhas mãos. Batizada
Qico
(Quadrinistas Independentes do Centro-Oeste – 22cm x 16 cm, capa couchê
colroida, miolo de 40 páginas tons de cinza em couchê), reúne uma seleção de
jovens & talentosos(as) artistas do centro-oeste brasileiro. Lê-se na
quarta capa da edição:
É
a reunião de histórias e tiras de alguns quadrinistas independentes do
centro-oeste. Esta edição tem romance e suspense, ação e heroísmo reflexão e
humor, tem aviador, super-herói, médico, artista plástico e até caçadora de
vampiros! Tem histórias para todos os gostos!
Aqueles que, como eu,
já estão muito mais perto dos cinquenta anos de idade, do que dos vinte, deve
se armar de paciência e tolerância para analisar trabalhos das gerações mais
jovens. Afinal, não tiveram contato com tantos e tantos personagens da Era de
Ouro que nós tivemos, personagens clássicos que líamos mensalmente e que hoje
se encontram totalmente banidos das bancas. Por isso com muita alegria pude conhecer
esta edição, com histórias produzidas por artistas que estavam nascendo quando
eu já vivia crises existenciais, uma edição que me agradou muitíssimo!
Começa com a melhor de
todas, criação de Heluiza Bragança e Cátia Ana, ilustrada por esta última: ‘Às
Seis’ é uma narrativa poética e romântica maravilhosa, emocionante mesmo, algo
que só vi parecido no fanzine dos irmãos Damas (confiram aqui http://www.jupiter2hq.blogspot.com.br/2012/02/um-fanzine-romantico.html:).
Como vocês sabem, eu também venho tentando trilhar esses caminhos românticos
com o título Romance Em Quadrinhos da
Júpiter II, mas não posso negar: ainda tenho que ralar muito, para chegar onde
já chegaram Heluiza, Cátia Ana e os irmãos Damas. De Cátia Ana ainda temos uma
página de cativante sensibilidade, chamada ‘Conservas’, sobre as fases da vida
de uma mulher (vou repassar o sítio internético da moça, para que possam melhor
conhecer esse magnífico trabalho: www.odiariodevirginia.com).
Em seguida temos
‘Lupus’, produzida por Daniel Costa, apresentando seu simpaticíssimo
personagem, o jovem super-herói Rboy,
que trabalha numa organização especializada em encontrar e combater monstros. A
despeito do cenário todo dark, o
herói é bem-humorado, sempre brincando com seus parceiros. Pena que temos
somente um capítulo da história, onde Rboy está no encalço de um lobisomem – a
história segue no sítio www.hotmindcomics.com.br).
‘Meus Nervos’, que vem
na sequência, apresenta trabalho de Sólon Maia, retratando num estilo muito
peculiar as atribulações de um médico de hospital público, que além dos
pacientes convive diariamente com Deus e com a morte. Não gosto das influências
que o autor apresenta aqui (o pior do quadrinho europeu e do underground comics – se é que existe um
‘melhor’ nesses estilos...), e tenho uma visão de Deus totalmente diferente da
que ele possui, mas é inegável o talento do jovem autor (nascido em 1981):
‘Meus Nervos’ possui humor muito perspicaz e inteligente, longe do grosseiro, apontando
as mazelas da saúde pública – não escapa nem o público que dela se serve. Uma
obra com muito mais virtudes do que defeitos (www.meusnervos.com.br).
Chega então a vez do Verdugo, O Inacreditável, da brasiliense
Veronica Saiki. Conheci este personagem e seu universo nos fanzines lançados em
meados da década passada, e confesso que me surpreendi ao não encontrar a
temática ecológica, tão presente nos fanzines. Mas, longe de me decepcionar,
adorei a história em ‘Aonde Quer Que Eu Vá...’, uma narrativa intimista com
visual lisérgico. E algo facilmente perceptível, tanto nos fanzines quanto
nesta história da edição do Qico: o
inegável talento da jovem Very (www.verdugooinacreditavel.blogspot.com.br).
Encerra a edição Jessi & Zack, uma caçadora de
vampiros apaixonada por um sanguessuga galã. Aqui os quase cinquentões, que
cresceram assistindo aos filmes de vampiro da Universal e da Hammer (eram
reprisados continuamente na tv, moçada, bem antes da invenção dos canais de
fibras óticas), vão ter muita dificuldade para entender, mas as tirinhas são
muito bem humoradas e graciosas (www.recantodachefa.blogspot.com).
(JS)
BILLY THE KID & OUTRAS HISTÓRIAS ATINGE A 18a. EDIÇÃO
Do editor gaúcho Arthur Filho chega o 18º. número da
revista Billy The Kid & Outras Histórias (22 cm x 14 cm, capa
colorida em papel cartolina – arte de Ariton Marcelino – e 28 páginas em preto
& branco), apresentando HQs com temática no faroeste americano. Começa com
a HQ em capítulos produzida pelo paraense Emmanuel Thomaz (Elthz): ‘A Sina de
Blackwood Jones’, um ex-escravo em busca de vingança; a segunda história
publicada neste número apresenta a estréia em Billy The Kid & Outras Histórias de Ailton Elias, experiente quadrinista
brasileiro, autor da célebre Brigada das
Selvas (uma edição já publicada pela Júpiter II, e uma outra à caminho!),
apresentando seu personagem Big Ranger,
um delegado federal incansável na luta contra o crime. Após a sessão de cartas,
é hora e a vez de ‘O Enforcado’, do ótimo Airton Marcelino, mais uma vez
comprovando seu talento. A edição termina com HQs curtas e esboços do editor
Arthur Filho – sendo de Sandro Marcelo a arte da contracapa (confiram abaixo).
Entrem em contato com o editor em arthur.goju@bol.com.br
(JS)
quarta-feira, 5 de junho de 2013
CAPITÃO MACNAMARA ESTÁ DE VOLTA!
Em novembro de 2008 a cooperativa de
Quadrinhos Júpiter II lançava a primeira parte da minissérie Capitão MacNamara contra a Invasão
Extraterrestre. A primeira edição teve 32 páginas, a capa ficou a cargo de
Doulgas Félix e a HQ ilustrada por Eduardo Manzano. Infelizmente o criador do Tormenta na ocasião enfrentava alguns
problemas que o impossibilitaram de concluir a minissérie, de modo que nos
vimos obrigados a escalar outro desenhista (que foi Emmanuel Thomaz, o atual
ilustrador de Chico Spencer) e somente
em fevereiro de 2010 lançamos a segunda parte da minissérie, igualmente com 32
páginas (e capa do mesmo Thomaz). Capitão
MacNamara contra a Invasão Extraterrestre representou o desejo deste que
vos escreve de produzir uma HQ mesclando diversos estilos apreciados por muitos
leitores (e pelo próprio roteirista, evidentemente), quais sejam: faroeste,
terror e ficção-científica. Não por acaso dediquei os gibis à italiana Bonelli
Editore, useira e vezeira em mostrar HQs mesclando estilos, não só em algumas
histórias do Tex mas especialmente no
Zagor. Há também antecedentes
cinematográficos, seja a caprichada produção de 1969, O Vale de Gwangi/The Valley Of Gwangi (um tiranossauro rex no
faroeste, com efeitos especiais produzidos pela equipe de Ray Harryhausen) ou
nos impagáveis filmes-B Billy The Kid vs.
Dracula e ainda Jesse James meets
Frankenstein’s Daughter, ambos de 1966. Imagino que uma pesquisa no
fabuloso universo dos filmes de baixo orçamento e encontraríamos outras pérolas
semelhantes. Na televisão, vale citar o memorável episódio na segunda temporada
do seriado Túnel de Tempo de Irving
Allen quando os cientistas Tony e Doug vão parar no faroeste e se deparam com
dois alienígenas. Também em outro seriado de Allen, num episódio da terceira temporada
de Perdidos no Espaço a família
Robinson vai parar no velho oeste. Como se percebe, o badalado hollywoodiano Cowboys vs. Aliens veio depois de tudo
isso – até mesmo depois do nosso humilde Capitão
MacNamara. Nos anos mais recentes, quando venho tendo a valiosa
oportunidade de várias ‘parceradas’ com o mestre dos Quadrinhos José Menezes
(nas Histórias Sagradas, no Tormenta, e até com o Flecha Ligeira), pensei em reaproveitar
o personagem para uma nova aventura – que é exatamente esta que vocês encontrarão
em Capitão
MacNamara contra a Vingança Extraterreste (21 cm x 15 cm, 40 páginas
p&b, roteiro de José Salles, arte de José Menezes, capa de Menezes
colorizada por Adauto Silva). Se anteriormente MacNamara e amigos enfrentaram a
ameaça alienígena nos rincões do meio-oeste norte-americano, agora a
enfrentarão no rebuliço urbano de Chicago. (JS)
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