domingo, 13 de fevereiro de 2011

CELTON NARRA O NASCIMENTO DE JESUS

E mais uma vez pude contar com meu prestativo amigo Paulo Joubert, que me deu a chance de conhecer o mais recente número do Celton, o 25.o (que comprou nas ruas de Belo Horizonte diretamente das mãos do roteirista, ilustrador e editor do personagem-título, Lacarmélio Alfêo de Araújo) e depois mo enviou tão gentilmente. Na carta que acompanhou a revista, Paulo alertou para a sintonia criativa que se dava entre mim e o notável artista mineiro, em relação a temática com a qual temos trabalhado. É que o amigo Paulo Joubert recentemente havia lido o primeiro número do Histórias Sagradas da Júpiter II (roteiros adaptados por mim e ilustrados por José Menezes), e qual não foi a boa supresa que teve, assim como eu mesmo tive, ao reparar que o Celton n.25 (formatinho, capa couchê colorida, 32 páginas p&b) apresentava nada menos do que a quadrinhização da História do Nascimento de Jesus. E nosso bom Lacarmélio – que hoje em dia, diante do crescente interesse popular por seus gibis, é mais conhecido como Celton, mesmo! – nosso bom Celton apresenta uma narrativa muito sensível, muito bem pesquisada, didática, e o melhor de tudo: ecumênica! Não faltam neste número o editorial e a sessão de cartas, que semprem engrandecem os gibis e nos torna ainda mais fãs de seu autor. Que trajetória formidável, esta do nosso querido artista: enfrentando de peito aperto os perigos dos congestinamentos urbanos (ele atua em Belo Horizonte, sua cidade, e também na cidade de São Paulo), Celton vende seus gibis para motoristas e pedestres, gibis de sua própria autoria. Tanto esforço e otimismo só podeiram render graças: hoje em dia, a tiragem mínima de um gibi do Celton é de 20 mil exemplares!!! Já pararam pra pensar nisso, colegas? Vende muito mais do que os infames e decadentes títulos da Marvel e da DC! Talvez venda até mais do algumas edições do Tex, que só faz perder leitores brasileiros, vítima dos preços extorsivos de seus gibis. E olha que Celton não tem a generosa distribuição nacional daquelas porcarias da Marvel, se o tivesse, meu Deus, quantos milhões de gibis conseguiria vender! Mas querem saber de uma coisa? Parece cada vez mais perto o dia da extinção total dos Marvel/DC nas HQs (um lamentável espectro do que foram no passado) e o ressurgimento firme, convicto e bem sucedido, dos personagens brasileiros dos Quadrinhos. Mas, por enquanto, para conseguir gibis do Celton, só mesmo dando sorte de encontrar com seu autor nas ruas de BH ou de Sampa, ou ter algum amigo como Paulo Joubert. (JS)

E SEGUEM AS PUBLICAÇÕES INDEPENDENTES

Recebo do amigo Edgar Franco duas ótimas revistas, projetos editoriais capitaneados pelo valoroso Matheus Moura (um abismo ideológico nos separa, mas devo reconhecer-lhe o talento), editor e roteirista. A primeira que comentarei é A3 Quadrinhos, melhor dizendo, o segundo número de A3 Quadrinhos. Formato médio, capa couchê com polpudas 110 páginas apreentando HQs de aventura, terror e ficção. Como quase sempre acontece com publicações como estas, que apresentam uma incrível diversidade de artistas, estilos, formas, etc, há pontos altos e outros nem tanto. Mas de uma cosia podem estar certos: A3 abre e fecha com chave de ouro! Começa com nada menos do que uma HQ do experiente e tão admirado por todos nós ilustrador E.C. Nickel com uma notável série entitulada Kavan, mostrando que o grande artista paranaense continua em plena forma no estilo que o consagrou, a ficção fantástica! E termina a revista com mais uma HQ delirante-racional do meu caro Edgar Franco, naquele seu estilo muitíssimo peculiar: quem pela primeira vez puser os olhos num trabalho de Edgar Franco, assim como eu fiquei nos idos dos anos 90, ficará assombrado e perplexo, perguntando-se a si mesmo “mas o que é isso?”, e só mesmo acompanhando o trabalho deste grande artista é que podemos tentar entender o universo fascinante que transborda daquele cérebro privilegiado. Esta sua participação em A3, chamada “Puras?”, é uma sensível abordagem sobre algumas angúsitas e tormentos do sexo feminino. Entre as HQs de Nickel e Franco é claro que há outras ótimas histórias, como a inteligente e bem humorada “Click”, do ótimo Fábio Turbay, e a narrativa aventuresca “Ruínas”, belíssimamente desenhada, em deslumbrante colorido.

A outra revista sobre a qual comentarei, só fui descobrir o título lendo o expediente: trata-se de Camiño de Rato n.4, lançada pela cooperativa Quarto Mundo – e com distribuição gratuita, vejam só! Formato europeu, capa couchê colorida com 48 páginas em preto&branco. Grosso modo, Camiño de Rato é uma das tantas crias da revista Animal, de devastadora influência nos anos 80 – mas isto não quer dizer que seja ruim, afinal, grandes nomes da HQ brasileira constam de suas páginas. Antes mesmo das páginas, na 2ª. capa uma belíssima ilustração de Julio Shimamoto (que também encerra a revista com uma surpreendente HQ de página única). E ainda temos Elmano Silva, Franco de Rosa (na republicação de uma HQ onde homangeia o sambista paulistano Adoniran Barbosa), além da sempre marcante participação dos quadrinhistas filosóficos Edgar Franco e Gazy Andrauss, e ainda o bom-humor do versátil Leonardo Santana. Pedidos para revista3@gmail.com

ELOYR PACHECO LANÇA EDIÇÃO ESPECIAL COM ESCORPIÃO DE PRATA

O experiente roteirista e editor de HQs Eloyr Pacheco lança edição especial com seu personagem Escorpião de Prata (figurinha carimbada em fanzines e revistas alternativas na década passada). Agora em luxuoso acabamento gráfico, formato americano com capa colorida, poster central colorido (com o Escorpião de Prata e Penitência, produzido por Samicler “Cometa” Gonçalves) 40 páginas tons de cinza em papel couchê, apresentando diversos e mui talentosos colaboradores no traço, como Airton Marcelino e Zezo Bauer, entre muita gente boa. Três histórias muito bem feitas que dão ênfase a aventura, também abordando de forma mística os segredos de um misterioso antepassado do herói. O destaque fica para a primeira aventura apresentada, “Somos Todos Iguais”, com a participação especial de outros dois conhecidos personagens da HQB, a Penitência (de Marcos Franco) e o Lagarto Negro (de Gabriel Rocha). Contato: eloyr.pacheco@bigorna.net