quarta-feira, 29 de outubro de 2014

QI CHEGA NA 129.o EDIÇÃO COM ÓTIMAS ATRAÇÕES

                A 129ª. edição do fanzine QI, editado pelo mineiro de Brasópolis Edgard Guimarães, traz logo na capa uma justíssima homenagem ao grande artista brasileiros dos Quadrinhos Antônio Cedraz, o célebre autor da Turma do Xaxado, que nos deixou recentemente. Completa-se a homenagem com uma crônica muito bonita de Chico Castro Jr. sobre Cedraz, e no editorial, Ed Guimarães sintetiza o significado da trajetória do grande artista baiano:

Cedraz (...) merecia muito mais. Não só pela obra, mas pela figura humana excepcional. Apesar de toda incompetência da indústria brasileira de quadrinhos, Cedraz soube mostrar seu trabalho, nunca desanimando e efetivamente produzindo uma obra invejável.

                As grandes ausências nas 28 páginas desta mais recente edição do QI são as colunas ‘Mistérios do Colecionismo’ e ‘Heróis Brasileiros’, mas ainda assim o fanzine apresenta alguns excelentes artigos, começando com a reprodução de um deles publicado originalmente no ano de 1976 nas revistas da editora inglesa Warren, assinado por Joe Brancatelli comentando a respeito da indústria norte-americana dos comic books – e muito oportuna a presença deste artigo (traduzido por Luiz Antônio Sampaio) por sua incrível atualidade, exceto por uma ressalva ou outra, se fosse publicado há cinco minutos atrás, ninguém diria que foi publicada há quase 40 anos.
                O editor Guimarães assina artigo sobre o ilustrador belga Huppen Hermann e sua obra publicada em Portugal e no Brasil – se na terra de nossos irmãos lusos foi publicada com várias lacunas, aqui no Brasil algumas obras de Hermann foram publicadas dentro da imensa lacuna – os mais velhos devem se lembrar do par de álbuns do faroeste Comanche, lançado entre nós pela Editora Vecchi. Fora isso, um ou outro álbum lançado esporadicamente.
                Mais um trecho da entrevista de Edgard Guimarães a Wender Zanon a respeito do universo dos fanzines, perguntas pertinentes para respostas idem.
                Worney Almeida tem espaço para comentar a respeito de sua mais recente empreitada editorial, o álbum reunindo as raríssimas HQs dos X-Men escritas por Gedeone Malagola e ilustradas por Walter Silva Gomes para a Gráfica Editora Penteado (GEP) nos anos 60 – eu já comentei a respeito neste mesmo blog, aqui: http://www.jupiter2hq.blogspot.com.br/2014/10/os-x-men-por-gedeone-malagola.html); além de sua coluna habitual ‘Mantendo Contato’, onde comenta a respeito dos fanzines de página única e uma discreta reação dos fanzineiros e suas publicações de papel.
                Ao olhar para a página onde se encontra a sessão ‘Desvendando Alma Em Matéria Pouca’, que geralmente me agrada, torci o nariz ao ver foto de uma edição daquele Miracleman dos anos 80 – li essa tralha na época em que foi lançada no Brasil, as duas primeiras edições, e achei chatíssimo, um troço pedante e pretensioso de alguém que parecia ter lido somente as orelhas dos livros de Nietchze. Na verdade, esse Miracleman é uma versão modernosa de um personagem inglês dos comics dos anos 50, Marvelman, que foi publicado no Brasil em algumas revistas cujas capas foram desenhadas pelo grande artista brasileiro José Lanzelotti. Mas no artigo deste número, Ed Guimarães aproveita o Miracleman para comentar a respeito de direitos autorais e nome de obras, relacionadas a seus autores, um tema muito interessante.
                No Fórum de leitores, fiquei muito feliz ao saber do 70.o aniversário de meu querido amigo Antônio Armando Amaro – parabéns, irmão! – e uma singela homenagem do editor a saudosa amiga e poetisa Cecília Fidelli. De quebra, mais uma vez tenho a honra de ver outra resenha de minha autoria a respeito do QI, publicada neste blog.

                E há Quadrinhos também: de Chagas Lima, de Dennis Oliveira (homenageando o Corcel Negro de Alcivan Gameleira, o tão querido personagem publicado pela Júpiter II) e a presença do Benjamin Peppe, por Paulo Miguel dos Anjos e Rafael Grasel. E mais Poeta Vital na quarta capa, falando a respeito de política e eleições. De brinde, o último encarte da HQ de faroeste com o personagem Buster, do ilustrador português José Pires, incluindo uma linda ilustração colorida. Contatos com o editor Edgard Guimarães em edgard@ita.br (JS)

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A HORA E A VEZ DOS SUPER-HERÓIS DO OESTE PAULISTA!!!

Os Super-Heróis Brasileiros das Histórias-em-Quadrinhos sempre foram motivo de muita polêmica, exaltados por alguns, desprezados por outros. A torcida do contra surgiu ainda na década de 70 do século passado, com os teóricos marxistas dos Quadrinhos argumentando que se tratava de influência estrangeira, que o fato das histórias se passarem em cenários brasileiros não faziam delas HQs nacionais, etc. Até hoje essas idiotices têm enorme influência entre os leitores brasileiros, mesmo que não sejam marxistas. De outro lado, um número cada vez maior de autores brasileiros vem criando seus super-heróis e, consequentemente, acabam formando leitores apreciadores dos super-heróis brasileiros em número muito superior ao de seus detratores. E, na medida em que novos estudos e novas abordagens vão surgindo, os autores marxistas e seus seguidores vão caindo cada vez mais no descrédito e no ridículo. Um exemplo de nova abordagem no estudo dos personagens brasileiros dos Quadrinhos é o blog http://primeirossuperherois.blogspot.com.br/, idealizado e organizado por Rod Gonzalez (colaborador da Júpiter II e autor de vários super-heróis, entre eles o Blenq, publicado por nós). Quem se interessar em conhecer esse blog, vai se surpreender com a grande quantidade de super-heróis brasileiros já criados, desde as primeiras décadas do século passado, ou seja, enganam-se redondamente aqueles que ainda insistem em dizer que os super-heróis não fazem parte da tradição dos Quadrinhos brasileiros. Segundo as pesquisas feitas por Rod Gonzalez, nada mais nada menos do que o primeiro super-herói do mundo foi criação de um brasileiro, o controvertido historiador Gustavo Barroso e seu personagem chamado Oscar, publicado em forma de conto ilustrado na antológica revista O Tico-Tico em 1906! Quem foi que disse que o Brasil não tem tradição de super-heróis de ficção? Certamente nenhum de nós aqui da Júpiter II, uma cooperativa que vem lançando revistas em Quadrinhos de vários estilos, incluindo é claro o estilo super-heróico – não por acaso muitos leitores a consideram hoje a legítima Casa dos Super-Heróis Brasileiros. Mas faltava aparecer algum super-herói – ou por outra, alguns super-heróis – que pudesse(m) representar o centro-oeste do estado de São Paulo, donde faz parte este editor que vos escreve. E, por obra e graça do artista paulista Leandro Gonçalez (nascido em Ourinhos e radicado em Bauru), as cidades de nossa região vêm ganhando seus super-seres. O primeiro deles nasceu em Bauru mesmo, onde atualmente vive o Leandro, e por isso ganhou o título desta revista: O Guardião – que gentilmente estará dividindo as páginas de sua coleção com outros heróis de outras cidades do centro-oeste paulista, estreando neste número o mago Órion, representando a cidade natal do autor, Ourinhos. E não se preocupem, que ainda virão outros super-heróis representando outras cidades da região, tais como o Fera Negra (de Botucatu), Gavião Real (de Santa Cruz do Rio Pardo – este fazendo referência ao pioneiro super-herói brasileiro dos Quadrinhos, o Capitão Gralha de Francisco Iwerten, lançado em 1939) e Minuano (aqui da minha terrinha, Jaú). Todos eles oriundos do talento e da criatividade de Leandro Gonçalez. Ah, e um recado para os detratores dos super-heróis brasileiros, que vivem apontando o dedo e acusando seus autores de plágio: vão se catar, vão estudar! Depois de 120 anos de HQ, de tantos personagens criados, é muito difícil exigir plena originalidade dos artistas. E outra, por que vocês não vão amolar outro? O sr. Stan Lee, por exemplo, um dos maiores plagiários do mundo, mas que vocês vivem bajulando? Ora, vão cuidar dos seus ‘marvels’ e deixem os super-heróis brasileiros por nosso conta! (JS)

domingo, 5 de outubro de 2014

OS X-MEN POR GEDEONE MALAGOLA!!!

O historiador das HQs Worney Almeida de Souza e o quadrinhista & cartunista Márcio Baraldi já atuaram diversas vezes como editores, e voltam à carga nesta função com um lançamento precioso: Arquivos de Gedeone Malagola – Os X-Men Em Ação. Um edição caprichadíssima no formato 27 cm x 16 cm, 92 páginas preto & branco, capa colorida de Walter Silva Gomes a partir do que já havia feito para um Super-Almanaque dos X-Men, lançado pela Gráfica Editora Penteado/GEP na década de 60 do século passado. Worney e Baraldi nos proporcionaram um precioso resgate do mercado editorial brasileiro, as HQs com os personagens da Marvel, os X-Men, produzidas por autores brasileiros, majoritariamente escritas por Gedeone Malagola e ilustradas por Walter Silva Gomes, publicadas originalmente nos gibis da GEP e reunidas pela primeira vez nesta edição. Tudo vem muito bem explicadinho no texto introdutório (autoria de Roberto ‘Meteoro’ Guedes), mas em linhas gerais aconteceu assim: a GEP passou a publicar, no final dos anos 60, alguns personagens da Marvel Comics que não eram publicados pela Ebal, de Adolfo Aizen, entre eles os X-Men (na época nós dizíamos ‘xis-méin’). Como as revistas originais da Marvel traziam muito mais páginas de publicidade do que as revistas brasileiras, para ocupar aquelas 7 ou 8 páginas restantes, o diretor da GEP Miguel Penteado decidiu pedir a seus artistas que produzissem eles mesmos HQs dos X-Men – e todas as que foram produzidas naquela ocasião, são reapresentadas nesta portentosa edição lançada agora por Worney e Baraldi. No total dez histórias, das quais destaco duas neste breve comentário: o encontro entre os X-Mens originais e o Poderoso Thor (coisa inédita até mesmo na Marvel Comics) e a última produzida pelos brasileiros, que foi capa das Edições GEP (capa que vocês podem conferir aí embaixo) e apresentou um monstruoso supervilão que posteriormente foi copiado pela Marvel Comics  num dos gibis team-up do Homem-Aranha. Para mim foi uma deliciosa surpresa esta edição, pois já não tenho mais as edições originais da GEP – e quem quiser adquirí-las, hoje em dia, tem que ser milionário, diante dos preços impostos pelos extorsionários dos comics. Ah, sim, os editores advertem que se trata de uma ação entre amigos com tiragem limitada, dedicada a estudiosos e colecionadores, sem interesse econômico e sem pretensões de usurpar os direitos autorais, sejam os da Marvel ou dos autores brasileiros. Mas claro, os editores têm o direito de serem ressarcidos das despesas de impressão e correios, ok? Qualquer dúvida, escrevam para produtoraculturalwaz@yahoo.com.br (JS)

CONFIRAM A SEXTA EDIÇÃO DO QUADRANTE SUL

Os veteranos editores gaúchos do Quadrante Sul estão de volta, em outra edição caprichadíssima (a sexta – formato 21 cm x 15 cm, 28 páginas p&b e tons de cinza, capa couchê colorida com incrível arte de Daniel HDR e cores de Matias Streb), apresentando HQs reunindo artistas de várias gerações. Marcelo Tomazi explica claramente a finalidade da publicação:

Levar ao público atual os bons quadrinhos alternativos dos anos 80 e 90 do século passado. HQs publicadas em fanzines e quadrinhistas que faziam aquilo somente por amor à arte voltaram. E esse precioso conteúdo é sempre mesclado aos novos talentos e às estrelas de sua geração.


                Dentre os veteranos, o destaque é mais uma vez a presença do mestre Julio Shimamoto, voltando a ilustrar uma HQ de duas páginas com o personagem Bruce, O Exterminador, criação de Denílson Reis (que também é o roteirista da história publicada neste número). Bacana também rever a volta de um personagem que ficou muito conhecido entre os leitores de fanzines no passado recente, O Caçador, de Marcelo Tomazi, numa aventura porreta passada nos esgotos de uma grande cidade. A revista ainda apresenta artigos, em destaque um que relembra a Quadrimania, evento de HQs e filmes alternativos que chamou muita atenção quando foi realizado em Porto Alegre, no ano de 1996. Peçam esta sexta edição do Quadrante Sul através do email quadrantesul@ymail.com (JS)