domingo, 21 de setembro de 2014

SAIU O QUINTO NÚMERO DO BENJAMIN PEPPE

Cooperativa Júpiter II lançando o quinto número do Benjamin Peppe, criação de Paulo Miguel dos Anjos, personagem da paz, do amor e dos esportes radicais, um dos preferidos de nossos leitores mirins. Uma edição com 24 páginas dedicadas especialmente aos ilustradores, com participação de um timaço de artistas (muitos deles ativos colaboradores da Júpiter II): Wellington Santos, Verônica Saiki, Dennis Oliveira, Jeferson Adriano, William Raphael, e muitos outros – incluindo participação do grande mestre dos Quadrinhos Julio Shimamoto. Não nos esquecemos das HQs, elas também estão presentes graças aos talentos de Laerçon, Thiago PHZ e Chagas Lima – deste último, uma HQ de duas páginas, toda colorida! Taí o Benjamin Peppe, esbanjando alto astral e energias positivas, engrandecendo o nome da Júpiter II e conquistando leitores infanto-juvenis! Valeu, Anjos! (JS)

HISTORIADOR DOS QUADRINHOS LANÇA FANZINE LEMBRANDO OS GIBIS DA EBAL

                Quem chega perto dos cinquenta anos de idade e ainda aprecia as Histórias-em-Quadrinhos, muitíssimo provavelmente começou esse hábito conhecendo os gibis da Ebal (Editora Brasil América Ltda). De fato, a Ebal já vinha cativando leitores desde 1945, mas mesmo os de minha geração, que vieram a conhecer as publicações da Ebal já em sua fase de declínio administrativo, o fascínio ainda era o mesmo. É verdade que ainda existem fãs de Quadrinhos que já são maduros e nasceram depois do fim da Ebal, porém as revistas da editora de Adolfo Aizen eram realmente algo especial, todas feitas com muito capricho – para os mais jovens terem uma idéia, as primeiras edições coloridas da Ebal, lançadas na parte final da década de 60 do século passado, foram elogiadas & desejadas até mesmo pelos editores norte-americanos, eles também reconhecendo que as revistas em cores da Ebal eram muito superiores às originais. O fascínio que as revistas da Ebal provocaram em seus jovens leitores de antanho foi tanto que pode ser comprovado por algumas obras de alguns de seus jovens leitores, agora adultos maduros mais próximos da velhice do que da juventude, como por exemplo o que fizeram os organizadores do imprescindível Guia da Ebal na internet (www.guiaebal.com), contando com uma galeria quase completa das capas das principais coleções da editora carioca, além de um considerável número de downloads gratuitos para os interessados. E me permitam os fiéis leitores deste blog um pequeno rasgo de imodéstia de minha parte: eu também sou prova do fascínio provocado pelas revistas da Ebal, já tendo lançado alguns polpudos fanzines a respeito de suas coleções. Eis que agora um outro fanzineiro, coevo deste que vos escreve, o polêmico historiador dos comics Antônio Luiz Ribeiro, retorna à atividade fanzineira (ele que editava o avassalador Formulário Contínuo na década de 90) com uma publicação que é também grande lembrança dos gibis da Ebal: trata-se de Superduplas, a primeira edição em formato americano (27 cm x 19 cm) capa couchê colorida com 26 páginas em tons de cinza apresentando uma antiga aventura reunindo dois famosos heróis da DC Comics, Batman e Flash, publicada originalmente em The Brave & The Bold # 67 (agosto/setembro de 1966). Esta foi a revista que a partir da segunda metade da década de 60 passou a apresentar aventuras do Batman ao lado de algum outro super-herói, e que tiveram aqui suas republicações nas revistas da Ebal, notadamente nos gibis do Batman. O título do fanzine escolhido pelo Antônio Luiz faz referência a uma coleção lançada pela Ebal na virada das décadas de 70/80, já na fase do formatinho, uma coleção chamada exatamente Superduplas que apresentava as HQs republicadas da The Brave & The Bold, apresentando a fase ilustrada pelo grande Jim Aparo (recentemente foi até lançada uma versão em desenho animado baseada na série The Brave & The Bold). Neste primeiro fanzine Superduplas do Antônio Luiz, a HQ ‘Morte do Flash’ foi escrita por Bob Haney e ilustrada por Carmine Infantino (finalizada por Charles Paris) e, se não estou enganado, não foi publicada pela Ebal. Ao que parece, talvez seja esta mesma a intenção do editor Antônio Luiz Ribeiro, publicar as HQs que não foram publicadas pela Ebal, devidamente traduzidas para o português. E as referências aos gibis da inesquecível editora de Adolfo Aizen se fazem presentes no fanzine, com a republicação de páginas de publicidade das antigas revistas, como por exemplo essa que vocês podem conferir abaixo, a notável Coleção HQ, apresentando as memoráveis capas produzidas pela Western Printing & Publishing. Que este seja o primeiro número de uma vasta coleção, amigo Antônio! Contatos através do e-mail alribeb@gmail.com (JS)

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

SAIU O SEGUNDO NÚMERO DE VERDUGO O INACREDITÁVEL, DE VERÔNICA SAIKI

Cooperativa Júpiter II acaba de lançar a segunda edição de Verdugo O Inacreditável, (21 cm x 15 cm, capa colorida em couchê, 22 páginas p&b) criação da brasiliense Verônica Saiki. Desta feita, a autora reuniu quatro HQs que foram originalmente publicadas nos fanzines que a mesma Verônica editou nos anos de 2007 a 2009, mostrando as primeiras aparições de seus divertidos e instigantes personagens – Verdugo, Chupeta, Silueta Ada e Eva. Este editor confessa a vocês que ficou felicíssimo com esta edição, e explico: eu conheci os fanzines do Verdugo na ocasião em que foram lançados, e a impressão foi tão boa e marcante que, quase cinco anos depois, mesmo eu tendo perdido contato mais próximo com a autora, fiz convite para que ela participasse da Júpiter II. Quando me apresentou o material fiquei surpreso, pois tinha em mente o Verdugo dos fanzines e não esperava a drástica mudança estética que Verônica mostrara. Mas o talento estava lá, firme, vívido, arrojado, incrível, e com muita satisfação lançamos o número 1 do Verdugo pela Júpiter II no mês de fevereiro próximo passado. E com alegria redobrada recebi da autora o recado de que, para o segundo número, ela mesma reuniria HQs publicadas nos fanzines. Conversando com a Verônica por email, me chamou a atenção uma de suas frases, dizendo que ela mal se reconhecia nessas HQs antigas (nem tão antigas assim, né?). Claro que as pessoas mudam seus conceitos e, no caso dos artistas, isso reflete nas obras de arte que elaboram. Mas a alma, a boa índole, a dedicação, a convicção de querer passar uma boa mensagem, nada disso Verônica perdeu, mas são sentimentos que engrandecem com a maturidade da artista. Portanto, para quem não conheceu aqueles fanzines maravilhosos da década passada, eis aí uma boa chance para conhecer, ao menos pequena parte deles. E conheçam mais sobre o Verdugo e sua autora em www.verdugooinacreditavel.blogspot.com.br (JS)

FANZINE QI SEGUE COM FORÇA TOTAL!!!

O editor Edgard Guimarães parece mesmo cada vez mais empolgado com o fanzine QI, como atestam as 32 páginas da 128ª. edição, já circulando para os interessados. Autor da capa dramática, ele também assina diversos artigos, entre eles: na sessão ‘Mistérios do Colecionismo’ fala sobre as publicações da Editora Versus, que reuniu autores esquerdistas contra os governos militares – naquela ocasião ainda era concebível autores de esquerda com aquele discurso, mas hoje, depois de 12 anos de bandalheira petista, manter o mesmo discurso... não dá mais pra aguentar; bem melhores são os assuntos que Ed trata nos outros artigos, como em ‘Desvendando a Alma em Matéria Pouca’, onde percebe uma incrível gafe de Bill Waterson numa prancha dominical do Calvin; ou a completa relação das edições do Monstro do Pântano publicadas no Brasil – eu só acompanhei a fase pela Ebal em formatinho, mas Guimarães apresenta amplo roteiro da trajetória do personagem nas bancas brasileiras, apontando as lacunas editoriais de que o personagem foi vítima. E mais um super-herói brasileiro dos Quadrinhos é retratado no QI (retratado por Marcos Fabiano Lopes e comentado por Edgard Guimarães): o X-Man de Eugenio Colonnese. Também Worney Almeida de Souza retorna com a coluna ‘Mantendo Contato’, abordando a Editora Nova Leitura que na década de 80 publicou mal e porcamente o clássico Os Sobrinhos do Capitão. Olha só, e não é que o Ed me deu a honra de ter uma de minhas modestíssimas resenhas sobre o QI neste blog, republicada nessa edição do fanzine? Está lá na página 22, comentando o QI n.127. Há também HQs curtas, de uma ou duas páginas – de duas páginas temos o Joe Ventania de Lincoln Nery, de página única temos dois ‘gaviões’: O Gavião de Dennis Oliveira (que tem outra HQ publicada, um sensível retrato de um palhaço de circo), e o outro é o Gavião Lunar, de Chagas Lima. Luís Cláudio Faria Lopes reaparece com três divertidas tirinhas sobre o mundo da política. O Fórum de leitores e as publicações independentes têm menos páginas do que o habitual, mas continuam marcando espaço no QI, que encerra magistralmente com um libelo contra a pena de morte nas palavras do Poeta Vital – é isso aí Poeta, se não fomos nós humanos quem criamos a vida, não temos direito de tirá-la de ninguém, muito menos de um de nossos semelhantes, e sempre há o risco dum erro judiciário, que nesse caso seria irreparável. Ser contra a pena de morte não quer dizer que homicidas não mereçam ficar presos, reclusos, afastados da sociedade, proibidos de circular na ruas e de apreciar as coisas boas da vida, mantendo contato unicamente com carcereiros e colegas de cela. E, de preferência, trabalhando duro, diariamente, até ficar exausto! Isto porque nós que acreditamos que o espírito é imortal, que a vida segue muito além da carne putrefata, sabemos que o criminoso punido com a morte fica potencialmente muito mais perigoso e nocivo quando desprendido da vestimenta carnal! Contato com o Ed Guimarães em edgard@ita.br (JS)

domingo, 7 de setembro de 2014

REFLEXÕES SOBRE O 7 DE SETEMBRO

O maior e melhor historiador do Brasil, na atualidade, chama-se Laurentino Gomes. Três de seus livros tornaram-se, justamente, alguns dos mais vendidos nas livrarias brasileiras, todos eles intitulados com os anos que marcaram efemérides decisivas na História brasileira: 1808 (chegada da Família Real portuguesa ao Brasil), 1822 (Independência do Brasil) e 1889 (Proclamação da República). Nestes três livros, Gomes comete um único deslize – lamento muito dar ênfase a um único deslize numa obra formidável, magnífica, indispensável, que todos deveriam conhecer, mas é um bom ‘gancho’ para o que eu gostaria de dizer nas linhas que seguem. Pois bem, o referido único deslize do notável historiador aparece no livro 1822:

                Em 1972, ano do Sesquicentenário da Independência, D. Pedro foi mostrado no filme Independência Ou Morte como um herói de porte marcial, sem vacilações ou defeitos, interpretado pelo ator Tarcísio Meira. Era a moldura que lhe cabia naquele momento em que o governo militar torturava presos políticos, propagandeava o milagre econômico e tentava dourar a história oficial nas disciplinas de Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política do Brasil.

                Bem, vamos começar do início, diria o Conselheiro Acácio: o filme citado por Gomes, praticamente banido entre nós, não mostra D. Pedro I como alguém “sem defeitos”. Os defeitos são apresentados sim, mas sem a ênfase que se dá a eles nos dias de hoje, como um amante das noites boêmias e fascinado pelo sexo feminino. Sua infidelidade conjugal também não é ocultada. Tampouco a soberba que tomou conta de seu espírito, durante um breve tempo em seu curto reinado. Provavelmente Gomes não tenha conseguido rever o filme, já que nunca é reprisado em lugar nenhum, tampouco foi relançado em dvd. No começo deste século, a revista Isto É lançou uma série de filmes em vídeo-cassete (VHS), e entre eles o Independência Ou Morte dirigido por Carlos Coimbra. Foi a última vez que tivemos notícia deste filme, e talvez por isso Laurentino Gomes não tenha conseguido re-assistí-lo, para formar melhor opinião sobre ele. Eu tenho lembrança muito forte desse filme. Lembro-me de tê-lo assistido pela primeira vez no Cine Rio Preto, da cidade de São José do Rio Preto, um imenso cinema com 1100 lugares (hoje é um shopping center). Lembro-me também das imensas filas que se formavam, atravessando praça do centro da cidade (foi um retumbante sucesso nacional de bilheteria), e me lembro, especialmente, da eufórica vibração da platéia, com urras e aplausos, na seqüência marcante do Grito do Ipiranga, quando o ator Tarcísio Meira, na plenitude de seu vigor físico, incorporando todo o heroísmo daquele momento histórico, encarnou o que de melhor havia em D. Pedro de Alcântara! Revendo o filme, há pouco tempo atrás – consegui uma cópia do VHS da Isto É e repassei as imagens em dvd – pude constatar que filme grandioso é Independência Ou Morte, muito além da citação simplista de Laurentino Gomes. Uma super-produção caprichadíssima de Ovaldo Massaíni, contando com os atores & atrizes mais famosos da época (alguns o são ainda hoje), e retratando com muito respeito os personagens e os acontecimentos históricos. Mais desastrada ainda do que a opinião de Gomes sobre o filme, é a conotação política que expressa sobre ele, onde algum leitor desavisado poderia até mesmo ter a impressão de que o ator Tarcísio Meira defendia a tortura de presos políticos. Também parece desgostar a Gomes o sistema de ensino dos governos militares, particularmente as disciplinas citadas de EMC e OSPB.
                Repito: a obra de Laurentino Gomes é uma das melhores coisas que poderia ter acontecido para a historiografia brasileira, com sua análise e suas impressões bastante lúcidas sobre o Império brasileiro, a partir de estudo riquíssimo. Mas me permito discordar inteiramente de suas opiniões naquele que considero seu único deslize. Fiz o ensino básico no tempo do governo Geisel e agradeço aos céus ter tido a oportunidade de ter estudado a História do Brasil sob a ótica dos grandes heróis, dos grandes acontecimentos. Vejam que tristeza que se tornou o ensino brasileiro depois que isso foi erradicado, e entrado em seu lugar as pedagogias freirianas, marxistas, marcusianas, gramcistas, enfim, toda esse excremento comunistóide, toda essa pobreza coletivista que vem transformando nossos jovens em bestas analfabetas e enfurecidas, revoltados com o Brasil. Se antes saíamos da sala de aula cheios de esperança com o nosso país, honrados de ser brasileiros, hoje existe ou o alienamento pleno, ou a ferocidade anti-civilizatória. De resto, não custa lembrar que os governos militares não se resumiram unicamente na tortura aos terroristas encarcerados. O tão propagandeado ‘milagre econômico’, não existiu mesmo? Não teve o Brasil, especialmente sob o governo do Presidente Médici, um salto econômico e desenvolvimentista jamais visto antes? Mesmo porquê, o país passava por um momento histórico inédito, da crescente urbanização do país. E a infra-estrutura construída no período, as estradas, as usinas? Alguém pode imaginar, por exemplo, o Rio de Janeiro sem a ponte Rio-Niterói, ou o Brasil sem Itaipu? E comparemos: o atual governo socialista, há 12 anos mamando no poder, fez o quê, a respeito de infra-estrutura? Simplesmente aproveita-se do que foi construído durante os governos militares! E ainda levou a ruína nosso sistema educacional! Se antes os grandes personagens de nossa História, aqueles homens que impulsionaram o Brasil para a grandeza, eram exaltados com o merecimento que conquistaram por suas atitudes corajosas e heróicas, hoje em dia, no processo de desqualificação dos nossos vultos históricos, faz-se indispensável a chacota, o deboche, a ironia e o sarcasmo ao retratar aqueles mesmos personagens. Dentre eles, nenhum vem sendo tão ridicularizado quanto D. Pedro I. Hoje em dia, nosso grande herói só é lembrado por suas fraquezas, por seu gosto por noitadas e fascínio pelo sexo feminino. Os que atualmente dão as cartas nos currículos escolares, e que não perdem oportunidade de menosprezar o nosso primeiro Imperador, poderiam ao menos lembrar-se do que disse Humberto de Campos:

As aventuras amorosas de D. Pedro eram perfeitamente comentadas pelas anedotas da malícia carioca. O povo, conhecendo alguma coisa de sua conduta particular, se encarregou de elaborar a maior parte de todas as histórias ridículas em torno de sua personalidade, que, se rude e sensual, não era diferente da generalidade dos homens da época e tinha, não raras vezes, rasgos generosos, que alcançavam os mais altos cumes do sentimento.

                Ou seja, aqueles que falavam que D. Pedro era mulherengo e beberrão eram, em sua maioria, igualmente mulherengos e beberrões! Sem que detivessem, é claro, um rasgo sequer de suas notáveis virtudes.



                Se o estrago feito pelos nossos pedagogos dos ensinos fundamental e médio foi terrível, não se compara ao que foi feito e ainda vem sendo feito nas universidades – especialmente nas do campo de humanas, notadamente nos cursos de História, que vêm se especializando em transformar alunos em feras rancorosas, odiando cada momento em que vivem no Brasil – claro, nem todos saem assim, mas são tantos, e tão grandes estragos vêm promovendo na sociedade, que não podem deixar de ser denunciados. Eu mesmo fui vítima dessa engrenagem maligna: aluno do curso superior de História, lia muito Marx, Gramsci, Marcuse, Hobsbawun, Paulo Freire, dentre uma incontável lista de teóricos comunistas. Só vim a realmente estudar História, particularmente História do Brasil, depois que concluí a faculdade. E hoje me pergunto, perplexo: como será possível que um curso de História do Brasil que se preze, não conste em seu currículo um autor como Octávio Tarquínio de Souza? (uma das mais preciosas fontes de Laurentino Gomes, diga-se) Pois foi através desse valoroso historiador nascido no ano de proclamação da República que nos foi legada a mais importante obra sobre os Fundadores do Império Do Brasil, onde foi possível conhecer verdadeiramente a importância de D. Pedro I para a nossa História. Souza o retrata como um homem dotado de virtudes e defeitos, mas enfatizando a grandeza de suas decisões num momento histórico decisivo para a nação brasileira. Foi através da obra de Souza que pude constatar as fascinantes contradições daquele personagem, um português de alma brasileira, ao mesmo tempo autoritário e liberal (fechou a Assembléia Nacional sob a força dos canhões, e em seguida outorgou uma Constituição que foi considerada muito avançada para a época, com uma lei criminal e uma lei orçamentária inovadoras), explosivo e terno, marido infiel e pai extremamente dedicado e amoroso, até mesmo com seus filhos bastardos. Mas, o que mais impressiona ao se estudar cuidadosamente a vida de D. Pedro, é a firmeza de seu caráter para tomar decisões políticas certas nos momentos cruciais: no dia do ‘Fico’, no Grito do Ipiranga, na abdicação – decisões corretíssimas que visavam, acima de tudo, a pacificação do Brasil. Sempre enfrentando, desde a infância, difíceis problemas de saúde, danos gastro-intestinais, e o mais grave deles: os ataques de epilepsia. E jamais nos esqueçamos de que, quando optou por ficar no Brasil e posteriormente proclamar sua Independência política, D. Pedro ainda não havia completado 24 anos de idade! Um jovem, levado a tomar decisões tão importantes! E, no momento mais doloroso, o de sua abdicação, renunciou não só ao trono, mas a si mesmo, à Pátria amada que adotou como sua, ao filho e as filhas que tanto amava (seguiu com ele somente a primogênita Maria da Glória, futura Maria II Rainha de Portugal), tudo isso para que o Brasil não descambasse para a guerra fratricida!
                Ninguém nega os defeitos de D. Pedro, nem a História. A sua paixão descontrolada pelo sexo feminino impediu-o de ser um marido fiel, e por isso várias humilhações teve que suportar sua esposa, e mãe daquele que futuramente seria D. Pedro II, a imperatriz Leopoldina. O Brasil tem muito a agradecer a esta senhora, por sua dedicação familiar e sua presença importante nos eventos políticos, aliada indispensável de José Bonifácio nos acontecimentos que antecederam a Independência. A mais grave acusação que pesa contra D. Pedro I é a de que teria espancado a imperatriz quando grávida, e resultando disto, um aborto. Tarquínio de Souza diz expressamente que não há provas concretas sobre isso; também Laurentino Gomes, anos depois e com maiores dados historiográficos, não chega a uma conclusão perfeitamente afirmativa. Mas, de qualquer modo, as diversas humilhações sofridas pela Imperatriz, diante das constantes infidelidades do marido (notadamente no episódio da viagem a Salvador, onde D. Pedro I, sem qualquer constrangimento, levou consigo sua amante Domitila de Castro), fizeram adoecer o coração da nobre Leopoldina, tristeza e melancolia que acabariam por levá-la à morte. O que os detratores de D. Pedro I omitem dizer, foi o avassalador remorso que dominou os sentimentos do imperador depois do falecimento de sua esposa, a ponto de desfazer o relacionamento com a amante Domitila, e ter adotado postura totalmente distinta com sua segunda esposa, a Imperatriz Amélia, com quem teve um relacionamento quase fiel – quase, afinal, o homem era decididamente fascinado pelos prazeres do sexo.
                Outro ponto onde se procura de todas as formas diminuir a importância de D. Pedro I, é o exato momento da proclamação da Independência, o Grito do Ipiranga. O esforço dos pedagogos marxistas, aqueles que promovem entre os jovens o ódio pelo Brasil, é ridicularizar o quanto possível aquele indispensável momento de nossa História. A imagem que tínhamos durante os governos militares, era ainda aquela do quadro de Pedro Américo, O Grito do Ipiranga, de 1886. Nele, D. Pedro, trajado galantemente, montado num fogoso alazão, cercado pelos Dragões da Independência, ergue a espada triunfante, proclamando a Independência do Brasil. No filme de Carlos Coimbra, essa imagem é posta em movimento, e lá ouvimos o retumbante brado ‘Independência Ou Morte’, vindo daquele D. Pedro interpretado majestosamente por Tarcísio Meira, na seqüência cinematográfica que empolgava os espectadores brasileiros. Octávio Tarquínio de Souza apresenta documentos históricos que comprovam que a coisa não havia sido bem assim, que ao invés de um alazão, D. Pedro montava num burrico, assim como sua delegação, pois era aquele o animal mais indicado para percorrer aquelas regiões, na época. E que nosso herói havia sido, de fato, acometido de alguma deturpação intestinal que lhe obrigou a parar viagem, e neste momento recebeu a notícia de que as cortes portuguesas exigiam seu retorno ao velho continente. Foi então que nosso nobre monarca decidiu-se, de uma vez por todas, pela Independência política do Brasil.
                Pois bem, em momento algum, mesmo diante dos documentos, Tarquínio desmerece aquele importante, decisivo momento histórico. Para ele, o fato de um jovem príncipe ter tomado tão corajosa decisão, apenas enaltecia seu caráter. Mas, as circunstâncias materiais daquele momento, a necessidade de se usar mulas como transporte naquelas regiões inóspitas, e a fraqueza estomacal de D. Pedro (um problema que o acompanhava desde a infância, agravado pela alimentação inadequada da viagem) transformaram-se em momentos de grande escárnio, e, pasmem, não somente para os historiadores marxistas, mas até mesmo um filósofo do porte de Olavo de Carvalho escreveu texto ridicularizando D. Pedro por aqueles motivos. Todos desmerecendo o fato de que um jovem de 23 anos se viu diante de uma situação periclitante, que prescindia de uma decisão firme, corajosa, a favor do Brasil. E desta forma agiu nosso Príncipe, a favor do Brasil, pouco importa se montado num alazão ou num burrico, pouco importa se desfrutando de plena saúde ou sofrendo problemas estomacais. Quando Pedro Américo apresentou sua tela aos jornalistas no final do século XIX, defendeu seu trabalho diante dos fatos históricos reais (citado por Laurentino Gomes):

Se tal ocorrência foi com efeito real, e até mereceu atenção do cronista, ela é indigna da História, contrária a intenção moral da pintura, e por consequência imerecedora  da contemplação dos pósteros.

                E recorro ao cronista Nélson Rodrigues que, neste caso, não teria dúvida em afirmar que, se a imaginação é melhor do que os fatos, pior para os fatos! Se os intelectuais desprezam a proclamação da Independência do Brasil e seu principal protagonista, o mesmo não acontece com a dupla de cancioneiros Carreiro e Carreirinho, que apresentou ao público a graciosa moda de viola 500 Anos de Brasil, cantando, numa das estrofes:


Salve D. Pedro I
A Independência Conseguiu
Lá nas margens do Ipiranga quando seu sangue subiu
A carta de Portugal ela tremeu quando abriu
Com seu braço rijo e forte
Gritou Independência ou Morte e ninguém deu um pio.


                A respeito da vida de D. Pedro I após a abdicação, repousa um silêncio sepulcral da parte dos historiadores marxistas, dos historiadores do deboche, do sarcasmo, dos propagadores do ódio e da revolta entre os estudantes. De fato, como ridicularizar as atitudes do nobre monarca, após 1831? Como negar o líder militar inconteste na terrível lide contra as forças militares superiores do irmão Miguel, o usurpador do trono português? Como desmerecer a heróica resistência de um ano na cidade do Porto, até receber finalmente ajuda militar das grandes potências da época, Inglaterra e França? Como não se emocionar sabendo que as agruras daquela brava resistência agravaram em seu organismo as doenças das quais já sofria, e que resultariam em sua morte, com pouco mais de trinta anos de idade? Morte que só veio após outra vitória, a restauração do trono português a favor de sua filha Maria da Glória, coroada como Maria II.
                Eis um grande desafio para nós, que nos denominamos ‘formadores de opinião’. Que tipo de História devemos escolher para repassar aos mais jovens? Aquela contada nos bancos escolares do tempo dos governos militares, exaltando os heróis nacionais, os seus grandes feitos a favor do Brasil, quando explodíamos de alegria ao assistir o filme Independência ou Morte, ou aquela que temos hoje, e desde há vários anos, a ideologia socialista-comunista que já formou uma geração de jovens que odeiam o Brasil, cujas consequências puderam ser tristemente constatadas na cidade de São Paulo, no 7 de Setembro de 2013: enquanto, na Avenida Paulista, os nojentos black blocs queimavam a bandeira brasileira, no parque do Ibirapuera os molambentos da extrema-esquerda vilipendiavam o Monumento dos Bandeirantes hasteando a bandeira não do Brasil, mas da Cuba comunista! É isso que queremos para o Brasil? Black blocs, pt e psol? Um “Cubão”? Quem não quiser odiar o Brasil e seus heróis, encha o peito e grite comigo:
Viva D. Pedro I!
Viva o Grito do Ipiranga!
Viva o Sete de Setembro!
Viva a Independência do Brasil!




quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O BOM & VELHO FAROESTE APRESENTA OS MAIS BRASILEIROS DOS PERSONAGENS DO FAROESTE EM Q UADRINHOS!!!

A nona edição de O Bom & Velho Faroeste lançada pela cooperativa Júpiter II tem 32 páginas, e está especialíssima, apresentando duas aventuras inéditas de dois personagens muito queridos entre os antigos leitores brasileiros dos Quadrinhos: Flecha Ligeira e Cavaleiro Negro. O primeiros os fiéis leitores da Júpiter II, jovens e maduros, já puderam conhecer ou rever em duas aventuras publicadas nesta mesma coleção de O Bom & Velho Faroeste, primeiramente no número 3, uma aventura produzida ainda nos tempos da Rio Gráfica e Editora (RGE) no final dos anos 60 do século passado, escrita e ilustrada por José Menezes, mas que ainda não havia sido publicada até então (relembrem aqui: http://www.jupiter2hq.blogspot.com.br/2011/06/heroi-do-velho-oeste-e-atracao-do.html). Em nosso número 6, rabisquei um argumento para que Menezes idealizasse mais uma aventura inédita do personagem (confiram aqui: http://www.jupiter2hq.blogspot.com.br/2013/03/flecha-ligeira-retorna-em-aventura.html). Para esta nona edição, mais uma vez tive a honra de rascunhar uma nova aventura do Flecha Ligeira, novamente ilustrada pelo Menezes, e nada mais justo, afinal, foi o mesmo Menezes quem desenhou várias aventuras do personagem, nos tempos da RGE. Já o reaparecimento do Cavaleiro Negro, devemos a generosidade do José Menezes, que por livre e espontânea vontade decidiu presentear o editor e os leitores da Júpiter II com uma inédita HQ do tão querido caubói mascarado. A capa que vocês podem conferir acima é arte de Adauto Silva, ele também muito satisfeito em desenhar dois de seus heróis de juventude – e nós mais satisfeitos ainda, poder mais uma vez apreciar a arte deste grande artista que, assim como Menezes, é um ex-RGE (no gibi Adauto ainda nos brinda com duas ilustrações do balacobaco, retratando os dois heróis). Coube a mim humildemente complementar a edição, apresentando um resumo histórico desses personagens que são os mais brasileiros dos heróis do faroeste em Quadrinhos, e na sessão Os Grande Clássicos do Western comento sobre o filme Vingador Impiedoso/Dallas, com o inesquecível Gary Cooper. (JS)