quarta-feira, 19 de junho de 2013

FANZINE QI CHEGA NA 121a. EDIÇÃO, E SEMPRE MELHORANDO!


Desde sua reformulação a partir do centésimo número, o fanzine QI do mineiro Edgard Guimarães só vem crescendo, e esta 21ª. edição (17 cm x 22 cm, 24 páginas p&b,  impressão digital) reforça este ponto de vista. Temos na capa tiras produzidas pelo próprio editor, em 1987, satirizando famosos personagens infantis como Cebolinha, Mafalda e Charlie Brown. Depois do breve catálogo de gibis & revistas à venda, e do editorial (indispensáveis na segunda página da publicação) temos a indefectível coluna dos ‘Heróis Brasileiros’, sendo abordado neste número o Sepé Tiaraju de Flávio Colin, em artigo escrito pelo Edgard Guimarães e que vai muito além do personagem, apresentando uma visão equilibrada da História do período (fins do século XVII), citando todas as publicações com o Sepé ou que fizessem referência a ele. Worney de Souza, além de sua coluna habitual (‘Mantendo Contato’), escreve sobre a paulistana Editora Graúna, que teve sua importância no mercado de Quadrinhos brasileiros no final da década de 60, chegou até a publicar personagens da Marvel Comics que se tornariam famosos posteriormente, especialmente o Conan. Mas Worney destaca duas edições em particular, da brevíssima coleção da revista Far-West, que apresentou HQs de faroeste produzidas por autores brasileiros – incluindo um personagem muito interessante chamado Joe Merril, um médico bom de tiro, que chegou a aparecer em algumas outras aventuras em outros gibis de faroeste brasuca. Na ‘Mantendo Contato’, Worney aborda três edições distintas, destaque para Michelle, A Vampira de Emir Ribeiro, ganhando uma edição capitaneada pelo próprio Worney.
Que bacana, uma página com tiras do Sacarrolha, o memorável personagem de Primaggio Mantovi – que foram parar nas mãos do editor e nas páginas deste número do QI graças ao boa praça e amigo Paulo Miguel dos Anjos (Benjamin Peppe). E o editor Ed Guimarães ataca com outro ótimo artigo, sobre a trajetória do personagem Smilinguido, não só nos Quadrinhos, bem como produtos diversos. Se no artigo sobre Sepé Tiaraju Ed faz citação oportuna de Voltaire, aqui ele próprio faz uma troça sobre consumismo que provavelmente divertiria o próprio Voltaire!
O editor ainda nos apresenta a coluna (que se tornou uma das favoritas entre os leitores do fanzine) ‘Mistérios do Colecionismo’, e o tema abordado não poderia ter sido melhor, particularmente para mim que cresci lendo os formatinhos da Ebal, marcante era a coleção Edição Extra em formatinho, que apresentava personagens variados da DC Comics nos anos 70, quando essa editora ainda publicava alguma coisa que valia a pena. E o Edgard Guimarães nos passa a relação completa dessa ‘coleção informal’, vamos dizer assim. Completinha da silva! Amo com afeição nostálgica a coleção Edição Extra em formatinho da Ebal, da qual ainda guardo alguns excelentes exemplares.
‘No Depoimento do Editor’ na ‘Memória do Fanzine Brasileiro’, a hora e a vez do jornalista e historiador auto-didata Gonçalo Júnior, o fanzineiro precoce que se tornou o notável autor do livro A Guerra dos Gibis, e de tantas outras notáveis pesquisas. Gonçalo não gosta muito que eu lembre disso, mas foi seu livro A Guerra dos Gibis que me inspirou decisivamente para criar a cooperativa que hoje chamamos de Júpiter II.
                Além do Forum e a lista das publicações independentes, os leitores do renovado QI se acostumaram aos encartes & brindes concedidos pelo fanzine nos últimos números – e desta feita temos mais três: dois ‘Cotidianos Alterados’, apresentando num lado da folha um cartum de Edgard Guimarães; e no verso uma breve crônica informativa-opinativa do editor a respeito de obras que são verdadeiras raridades na História dos comics, desta feita os personagens abordados são Max und Moritz, do alemão Wilhelm Busch (no Brasil publicados como Juca e Chico), os irmãos traquinas e bagunceiros que serviram de inspiração aos Sobrinhos do Capitão; e o outro personagem abordado é Nibsy the Newsboy, criação do incrível George MacManus, o célebre autor de Pafúncio e Marocas/Bringing Up Father), produzido antes do sucesso deste último. De quebra, um encarte de oito páginas apresentando o artigo de Gazy Andraus intitulado “A Imagética na Memória ou A Estruturação da Psique Criativa Infanto Juvenil por meio do Panvisual”. Calma, não se assustem, eu também pensei que fosse um daqueles artigos que só se lesse na academia, mas me surpreendi positivamente com o tom informal e afetivo com que o autor expressa a influência que recebeu, na tenra idade, dos Quadrinhos e suas variantes, álbuns de figurinhas, álbuns ilustrados informativos, brindes em outros produtos comerciais, etc. Leitura muito agradável.

                Na contracapa, a intenção do editor é manter os cartuns de seu personagem Poeta Vital – produzido entre 1993 e 1994, eu mesmo não me lembrava dele, ou ainda não o conhecia, parece ser muito divertido. Pra quem ainda não conhece, então é hora de conhecer não só o Poeta Vital mas todo o conteúdo do QI, contatando o Edgard Guimarães em edgard@ita.br (JS)

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