quinta-feira, 3 de maio de 2012

MÁRCIO SNO E OS FANZINEIROS DO SÉCULO PASSADO



Eu realmente morro de rir quando os agressivos e disfarçados ‘trolls’ invadem as páginas de comentários deste blog para virem me chamar de ‘amador’ e ‘fanzineiro’. Mas é exatamente isso que sou! Amador e fanzineiro! Graças a isso conheci pessoas maravilhosas, que jamais me mandaram cartas falsas, usando pseudônimos para me agredir! Só se tornava fanzineiro quem não tinha preguiça de escrever cartas e frequentar as agências de correios! (faço isso até hoje!) E conheci locais do Brasil que vocês nem imaginam que exista! Vocês não fazem mesmo a menor idéia, perdidinhos que estão vivendo constantemente para ofender os outros – e não raro, diante da enorme ignorância dos detratores, alguns pretensos ‘ataques’, acabam se tornando elogiosas referências, tais como quando sou chamado de ‘amador’ e ‘fanzineiro’ – e é exatamente isso que sou! Quem achar ruim, que faça melhor!


Quando eu iniciava no meio fanzineiro, na primeira metade dos anos 90 do século passado, o nome de Márcio Sno já era conhecido e reverenciado, pois, apesar de jovem, Sno já era um veterano na arte da edição independente (que iniciara na década anterior). Para minha sorte e alegria, Sno foi um dos tantos ótimos parceiros que conheci nesta caminhada, sempre me ajudando e colaborando nos fanzines que eu editava. Pudemos até nos encontrar pessoalmente, algumas vezes, naquela efervescência de palavras escritas, desenhadas, musicadas, etc.


Já confessei diversas vezes que jamais voltaria a escrever e publicar sobre os temas que me inspiravam naquela época, mas é preciso deixar as coisas bem claras: no meio fanzineiro daquela época, só guardo lindas saudades e ótimas lembranças da maioria das pessoas que conheci, dos parceiros que fiz, e até das poucas namoradas que tive. Que fique bem claro que meu ressentimento do passado é comigo mesmo, das obras que perpetrei no papel e no VHS, e pior, fora deles, na vida real.... Deus seja louvado pelas pessoas que conheci através dos fanzines! Deus seja louvado por ter me concedido a graça de conhecer os lugares que conheci nesse Brasilzão sem tamanho! Mesmo eu estando mergulhado em trevas interiores, ainda assim a vida se esforçava em me fazer melhor, com os anjos de Deus colocando bons parceiros, bons companheiros no meu caminho, deixando-o menos tortuoso conforme eu mesmo vinha construindo.


E pra quem conhece minha história passada, que fique sabendo: continuo amando todos os que conheci no underground, especialmente na Canibal Produções. E acreditem, velhos parceiros, se no passado eu gostava mais de vocês do que a recíproca, saibam que a coisa continua na mesma! Até hoje, gosto mais de vocês do que o contrário! (não há nada de mal nisso, nem exijo que vocês gostem de mim tanto quanto eu gosto de vocês, mas só comento isso para pleno esclarecimento). Vocês me ajudaram o quanto puderam e, de minha parte, ainda que mergulhado num egoísmo atroz, eu tentei fazer o mesmo. E são estas boas lembranças que gostaria de guardar de vocês. Estaremos é claro separados enquanto vocês insistirem e persistirem em transformar em arte as temáticas aviltantes que vêm usando (e que eu deixei de usar) desde que tinham 18 anos de idade. De qualquer forma tenho imenso carinho por todos vocês, especialmente por aquele a quem um dia considerei (e ainda considero!) o irmãozinho mais novo que não tive nesta vida (e cheguei a dizer isso para ele). Sem falar no débito impagável de algumas grosserias que cometi contra uma certa Canibal Girl, que disse ter me perdoado mas na verdade ainda não perdoou (e tem bons motivos para agir assim), espero que um dia ainda possamos nos encontrar pessoalmente (você está tão longe...) e, diante de um abraço fraterno, gostaria que entendesse que meu arrependimento é pra valer.


Acabei divagando quando a intenção desta postagem é divulgar o trabalho do grande Márcio Sno, que nos últimos & recentes anos vem preparando aquele que já se tornou o grande registro daqueles anos de fúria e esperança (no meu caso específico, rancor e falta de esperança, mas que bom que isso passou, ficou no passado). Sno já produziu dois documentários que se tornam essenciais para quem se interessar em conhecer como se dava a produção cultural independente, sem qualquer ajuda das grandes mídias, no final do século XX: trata-se de Fanzineiros Do Século Passado, reunião de entrevistas com algumas das ‘figurinhas carimbadas’ que fizeram aquela História. E não é que o bom Márcio Sno incluiu este humilde escriba, naquelas seleções memoráveis? Não sei se mereço, mas isso me encheu de honra e alegria. E tudo muito bem editado, com trilha sonora mais que apropriada – não pra menos, os polpudos fanzines que Sno editava versavam sobre assuntos diversos, mas preferencialmente a respeito da música das ‘tribos’ urbanas (no passado não era assim, mas hoje, quando escuto algum acorde de rock já saio correndo para meu abrigo anti-nuclear – e me perdoem por mais este parênteses existencial). O que importa é dizer que a trilha sonora dos documentários é mais do que propícia, mesmo porque, muitos fanzineiros do século passado formaram bandas musicais que fizeram muitos fãs, muito mais do que possam imaginar hoje os jovens produtores independentes que usam e abusam dos privilégios tecnológicos da internet.


Como não poderia deixar de ser, cada dvd contendo um documentário vem acompanhado de um fanzine, com alguns colaboradores que são parceiros(as) de longa data, que acompanham Márcio Sno desde sempre. Anotem aí o endereço eletrônico para contato: marciosno@gmail.com  – http://www.marciosno.blogspot.com/www.facebook.com/marciosno - quem não quiser adquirir os dvds vai encontrar por lá os links para se assistir na internet. (JS)

José Salles e Márcio Sno