sábado, 14 de setembro de 2013

PRIMEIRA EDIÇÃO DE MONSTROS DOS FANZINES APRESENTA OBRA DE JOACY JAMYS

O maranhense Joacy Jamys (1971-2006) foi um dos mais ativos fanzineiros da cena alternativa brasileira, a partir da década de 80 do século passado – e até mesmo um dos precursores dos fanzines virtuais, na internet. Foi também músico da cena anarco-punk, sendo, desta forma, bastante conhecido no meio alternativo durante sua curta existência. Desenhista muito versátil e talentoso, produziu inúmeras HQs e cartuns, em variados estilos, de Moebius a Robert Crumb. Eu, como fanzineiro retardatário, tive breve contato com ele (através de algumas cartas) na década de 90 – um contato sempre respeitoso e cordial, mas que não prosperou porque, já naquela época, esse universo punk e ‘údi-grúdi’ já começava a me causar enfado. Por outro lado, tantos outros fanzineiros da época mantiveram firme amizade com Jamys e, como não poderia deixar de ser, até hoje reverenciam seu talento. É o caso do editor gaúcho Marcos Freitas, que acaba de lançar pelo selo Atomic Books uma edição especialíssima toda dedicada ao saudoso amigo, cuja obra é tema para o primeiro número da série Monstros dos Fanzines, uma polpuda edição com 132 páginas p&b em papel off-set (formato 21 cm x 15 cm), e capa colorida em papel couchê (por Félix Reiners), apresentando centenas de HQs e cartuns de Jamys, além de entrevista, artigo de Gazy Andrauss, posfácio de Henrique Magalhães, enfim, um tributo completíssimo, coisa de amigo do peito e admirador sincero – não por acaso temos um emotivo editorial escrito por Freitas. Um documento imprescindível, que pode ser apreciado mesmo por aqueles que, como eu, passam longe da ideologia punk, e saem correndo para algum abrigo nuclear ao ouvir o primeiro acorde de alguma música dos Ramones ou do Exploited. Pois temos de reconhecer o talento alheio, mesmo quando suas opiniões e visão de mundo sejam totalmente discrepantes da nossa. A propósito, lendo essa publicação fiquei indagando com meus botões, o que será que Jamys estaria pensando hoje em dia, com a cultura brasileira praticamente dominada pelo ideologia punk – e até mesmo a política, haja vista as marchas da maconha, das vadias, e da destruição urbana causada por black blocks, mídias ninjas, capilés e afins? Pergunto isso porque, analisando o trabalho de Jamys, constatei que ele mesmo observava esse universo com muito espírito crítico, e seu olhar não deixava escapar o ridículo disso tudo. Um motivo a mais para se conhecer a obra desse artista. Contato com o editor Marcos Freitas em mfreitas333@yahoo.com.br ou no blog www.fanzinequadritos.blogspot.com.br (JS)

2 comentários:

Brutal420 disse...

Curti! Salles é emo do antigas e fala com propriedade!

jupiter2hq disse...

ah sim, esqueci de citar no artigo, essa facilidade que tem aqueles que seguem a ideologia punk, de rotular as pessoas com adjetivos simplistas, empobrecendo o debate.