Se algum de nós tivesse a chance de subir num palco, durante uma chic cerimônia de premiação de artistas dos Quadrinhos, e daquela posição central pudéssemos gritar (vamos supor que não tenhamos microfone): “minhas senhoras, meus senhores, alguém aí leu a mais recente revistinha do Celton?”; o resultado, muito provavelmente, seria um silêncio assombroso! O apresentador da cerimônia de premiação (que nem sequer era artista, ou roteirista, ou editor de HQs, mas estava lá simplesmente por ser apresentador de programa de tv, numa poderosa emissora), franziria o cenho, como quem nunca ouvira falar do gibi do Celton. Mesmo assim, ainda no centro do palco, chamando a atenção de todos, insistiríamos: “alguém sabe se o Lacarmélio estará aqui, hoje?”; e desta feita, ao invés do silêncio enregelante, murmúrios e sussurros poderiam ser ouvidos por todo o recinto: “quem é esse cara?”; “Lacarmélio? Quem é que pode se chamar Lacarmélio?”; “Que cara chato, esse! Quero ver o Alan Moore, o Neil Gaiman, será que eles virão hoje, agora que foram premiados pela 89ª. vez?”; seriam estes os comentários mais ouvidos. Mas, para nós que conhecemos o Celton e, mesmo não morando em Belo Horizonte, temos amigos valiosos que nos enviam os exemplares de lá, cada gibi com este personagem é motivo de Júbilo. E meu estimado Paulo Joubert acaba de me enviar o número 24, apresentando a volta do Celton nas páginas de seu gibi – no número anterior, Lacarmélio deu uma pausa nas aventuras do mecânico superforte e apresentou uma fábula urbana (em cores!) que na verdade é um convite às torcidas do Cruzeiro e do Atlético Mineiro para uma convivência tolerante e pacífica. Agora nesta 24ª. edição, Celton está de volta tentando livrar um amigo “malandrão” de enrascadas. E não é só o Celton quem retorna neste número, mas também a impagável Sogra, ressurgindo dos quintos do inferno para atazanar nosso herói. Além da HQ, a tremenda consideração que o autor demonstra por seus leitores, na sessão de cartas e em várias fotos. Se Lacarmélio Alfêo de Araújo jamais esteve numa premiação chic de Quadrinhos, pode ser encontrado diariamente ao lado do povão, nos semáforos de ruas congestionadas da capital mineira – e, recentemente, tem sido visto na capital paulista, também. E desta forma, Lacarmélio consegue vender mais gibis do que Júpiter II e Quarto Mundo, juntas! Um gênio, um artista criativo, versátil, bem humorado, um fenômeno totalmente desprezado pelas “zelite” da HQ brasileira. Azar delas! Lacarmélio nunca deu muita importância para a internet, mas tudo indica que o site dele vem aí www.celtonquadrinhos.com.br
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