Com a satisfação habitual recebo o 131.o número do fanzine QI,
editado pelo mineiro Edgard Guimarães, capa baseada num original do grande
ilustrador brasileiro J. Carlos, formato ½ A4 com 28 páginas p&B, onde são
tratados diversos assuntos sobre o universo das Histórias-em-Quadrinhos, a
maioria dos artigos a cargo do editor Guimarães, o primeiro deles, ‘Coisas que
Acontecem’, relembra a prática pouco ética do quadrinhista Francisco Ibañez,
muito querido pelos leitores de minha geração por ter criado Mortadelo & Salaminho (Mortadelo y Filemon) e Miopinho (Rompetechos), mas que hoje é sabido tratar-se de um rematado
plagiário, especialmente dos autores belgas. Duas homenagens são prestadas
neste número do QI: a Moacir Torres
pelos quarenta anos de criação da Turma
do Gabi – e nós da Júpiter II nos sentimos muito honrados de fazer parte
desta História, tendo publicado seis gibizinhos com esse grupo de personagens –
e o outro homenageado, mais uma vez, é Valdir Dâmaso, um dos maiores
fanzineiros do Brasil, que nos deixou há pouco tempo e já havia sido
homenageado no número anterior do QI.
Em sua crônica neste número, Ed relembra em tom afetivo a parceria editorial
que manteve com o grande editor das Edições
Gibizada. Em ‘Quadrinhos Brasileiros Bissextos’, o editor analisa dois pouco
conhecidos personagens do cartunista Henfil, Lula & Zé Moita, criados exclusivamente para uma campanha
publicitária da Petrobrás – apesar da coincidência do nome, esse Lula do Henfil
não chegou a dilapidar o patrimônio da empresa usando de corrupção política,
como aquele outro mais conhecido, o ex-presidente da república também chamado 'Barba do DOPS'. Em sua coluna ‘Mantendo Contato’, Worney de
Almeida cita algumas edições que não passaram do primeiro número, e entre elas
uma chamada Força Total editada em
1994 pelo catarinense Samicler Gonçalves, o mesmo que na década seguinte
conquistaria muitos fãs com o seu personagem Cometa. Também constam neste número do QI as sessões indefectíveis do Fórum de leitores e a divulgação das
edições independentes – fiquei besta de ver como o colega Antônio Luiz Ribeiro
vem lançando vários fanzines relembrando os gibis da Ebal. E temos também
várias HQs, de Dennis Oliveira, de Chagas Lima, tiras humorísticas de Cláudio
Lopes Faria, o Benjamin Peppe de
Paulo Miguel dos Anjos ilustrado por Rafael Grasel, e na quarta capa o Poeta Vital de Edgard Guimarães. E
parece que o Ed decidiu me manter como colunista fixo do QI, sempre reproduzindo nas páginas impressas do fanzine as
humildes resenhas que escrevo para este blog. Quero aproveitar a ocasião e
pedir desculpas aos colegas e leitores do QI que tenham ficado meio chateados
comigo, pois na resenha da edição passada eu realmente fui muito rude com o
pessoal do Pasquim – mais que isso,
fui rude e grosseiro, e o que é pior, não me arrependo um tico! Deus me perdoe
pois me comprometi a seguir o cristianismo e desta forma eu deveria amar e orar
pelos meus inimigos, mas como estou longe disso! É que eu realmente não tenho
mais qualquer rasgo de tolerância com esse pessoal da esquerda caviar, esses
comunistas milionários que desejam que somente os outros repartam e distribuam
suas posses, esses vagabundos ideológicos que vêm justificando as atrocidades e
os crimes infames do governo petista, dizendo que os bandidos engravatados e
soberbos do pt estariam espalhando a corrupção por uma ‘boa causa ao povo
brasileiro’... desculpem, mas eu não aguento mais isso, menos ainda após a
última eleição presidencial, com as notórias evidências de fraude nas urnas
eletrônicas. Além de mandar assassinar prefeitos, o partido governista dos
trabalhadores corruptos também transformou nosso sistema político num simulacro
de democracia, fazendo acontecer aqui as fraudes eleitorais que já haviam
ocorrido em diversos países vizinhos da bolivariana América do Sul. Não estamos
mais vivendo num regime democrático, como ainda vem sendo propagado por aí. E esses
artistas e intelectuais abastados da esquerda caviar que defendem esse governo,
Jaguar, Ziraldo, Chico Buarque, Fernanda Torres, José de Abreu, Frei Betto,
Leonardo Boff, com esse pessoal não tem mais cavalheirismo e cortesia, vou
partir logo para as ofensas, que é pouco diante do que eles realmente mereceriam.
E quem acha que as obras desses tipos vale alguma coisa, eu acho uma grande
merda – com exceção talvez da Turma do
Pererê do Ziraldo. Também do Ziraldo gosto dos super-heróis que ele criou
quando era jovem, Teleco e Tim. Mas
isso foi no passado, antes de sermos tomados por esse nauseabundo governo
esquerdista que nos assola e seus defensores da ‘high society’. Enfim,
tolerância zero para os assassinos de nossa democracia e seus acólitos, esses
nababos que vivem mamando nas tetas indenizatórias do governo, mamando DINHEIRO
PÚBLICO! Em breve a História há de pôr tudo em seu devido lugar, e este período
atual que estamos vivendo, no futuro será ainda mais execrado do que o é, hoje
em dia, o tempo dos governos militares. E os que hoje defendem esse governo,
hão de ser ainda mais execrados e desprezados.
E mais uma
vez o editor do QI presenteia seus leitores com uma edição-brinde primorosa da Biblioteca de Histórias-em-Quadrinhos,
segundo volume (21 cm x 15 cm, capa em papel couchê colorido com 52 páginas
p&b de miolo). Nesta nova pesquisa de Edgard Guimarães, a intenção foi
reunir uma seleção de HQs que ele considera poéticas – e no editorial, após
explicar claramente o que entende por HQ Poética, Ed arremata: “este volume
procura reunir vários trabalhos que considerei fazerem uso de Poesia na forma
de História-em-Quadrinho”. E entre as HQs selecionadas (todos apresentadas com
textos introdutórios) estão algumas pequenas pérolas, grandes obras-primas dos
Quadrinhos brasileiros, caso do Anjo
Arnaldo de Ofeliano de Almeida (publicado originalmente no Coleção Assombração da Ediouro), e Bagual de Flávio Colin. Outra pequena
obra-prima publicada nesta edição dedicada às HQs Poéticas brasileiras é ‘A
Morte do Samurai’ de Hayle Gadelha e Julio Shimamoto – a dupla que pouco tempo
depois lançaria na editora Grafipar o Meia
Lua Rei da Capoeira na revista Kiai
– e que nós da Júpiter II tivemos a honra de relançar numa edição especial,
ainda disponível, mas com pouquíssimos exemplares antes de se tornar raridade.
‘A Morte do Samurai’ foi publicada originalmente na antológica revista Eureka da Editora Vecchi. Outro destaque
desta edição é a Besta-Fera de Watson
Portela, inspirado na literatura de cordel, publicada originalmente na famosa
revista Spektro, também da Vecchi. Há
outras duas HQs selecionadas, mas são essas quatro acima citadas que valem a
pena. Contato com Edgard Guimarães em edgard@ita.br
(JS)
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