Nas décadas passadas era prática comum nas redações de
Histórias-em-Quadrinhos no Brasil, que artistas brasileiros dessem continuidade
nas séries estrangeiras quando findava o material original destas. E especialmente
nos estúdios da editora carioca Rio Gráfica & Editora (RGE), de Roberto
Marinho, pudemos observar isso em personagens como Fantasma, Mandrake, Jim das Selvas, Cavaleiro Negro, Flecha
Ligeira sendo ilustrados por artistas brasileiros como Walmir Amaral, José
Evaldo, José Menezes, Juarez Odilon, entre outros – e dentre esses outros, o
ítalo-brasileiro Primaggio Mantovi, que durante quatro anos (durante a segunda
metade da década de 60) desenhou capas e HQs do famoso personagem de western do cinema Rocky Lane. Conheci o trabalho de Mantovi na década de 70, primeiramente
com o Sacarrolha, o divertido palhaço
em Quadrinhos que era publicado pela Editora Abril, e simultaneamente, nos
sebos, deparei-me com antigos exemplares de Rocky
Lane da RGE ilustrados por Mantovi – o Rocky
Lane original ilustrado por Frank Bolle e outros, eu só vim a conhecer
muito mais recentemente, através de um gibi da AC Comics com o qual fui
gentilmente presenteado por meu saudoso mestre e amigo Gedeone Malagola. Pois
bem, agora, graças ao CLUQ (Clube dos Quadrinhos) capitaneado pelo editor
Wagner Augusto, nos chega uma caprichada edição do Almanaque Rocky Lane (formato 28 cm x 20 cm, 48 páginas p&b; o
desenho em aquarela da capa cartonada de autoria do próprio Mantovi)
reapresentado duas HQs – melhor dizendo, uma história dividida em duas partes –
com o ‘mocinho’ do faroeste ilustrado por Primaggio Mantovi, narrando a origem
do herói (coisa inédita até mesmo nos EUA), revelando aos leitores como ele
passou a vestir a camisa de listras finas que era sua marca registrada, bem
como seu encontro com o valoroso cavalo Tufão (Black Jack, no original – naquela época, quase todos os heróis do
faroeste possuíam seus cavalos fiéis e inteligentíssimos, que não raro os
salvavam de encrencas). E ainda dois ótimos artigos também assinados por
Mantovi: o prefácio, em forma de crônica, onde ele conta sua relação com o
gênero western, desde sua infância na
Itália, que prosseguiu com fervor ainda maior na tenra juventude, quando se
mudou para o Brasil, bem como seu ingresso na RGE; e no artigo final, o sr.
Mantovi nos brinda com uma completa e ilustradíssima biografia de Allan Lane, o
ator que se consagrou como Rocky Lane nas telas de cinema. Nas capas
internas da edição, temos a galeria de capas de Rocky Lane da RGE ilustradas por Mantovi, em cores. Imperdível para
os fãs e indispensável para quem pensa que os Quadrinhos começaram com cavaleiro
das pregas, uótchméin ou com os mangás – se bem que esse pessoal que cultua
essas coisas está se lixando para o resto, então deixemos esses caras pra lá.
De minha parte, haja vista a numeração 1 na capa da revista, e a promessa de um
segundo número, fico na tremenda expectativa da sequência desta nova coleção de
Rocky Lane em Quadrinhos! Não, vocês
não vão encontrar essa publicação em bancas, exceto nas duas ou três comic shops que existem no Brasil. Os
assinantes da revista Mocinhos &
Bandidos já puderam adquirir o seu exemplar, quem ainda não o fez e
gostaria de fazer é melhor contatar o CLUQ através do e-mail cluq@terra.com.br (JS)
domingo, 27 de janeiro de 2013
CAMPANA VOLTA APRESENTANDO PERSONAGENS SUPER-HERÓICOS DE SANDRO MARCELO
O pernambucano Sandro Marcelo é um perfeito exemplo
da persistência que marca o artista brasileiros de Quadrinhos independentes,
produzindo muito e lançando, há mais uma década, a simpaticíssima revista Campana,
que chega agora ao quinto número (formato 21 cm x 15 cm e polpudas 52 páginas
p&b). Além dos personagens criados por Sandro Marcelo – O Conversor, carro-chefe da publicação,
e Blagster – esta edição de Campana também apresenta uma aventura do
grupo Os Invictos, escrita por Rafael
Tavares e ilustrada pelo excelente Adriano Sapão: ‘O Amanhã Não Deve Ser Adiado’.
Pelo que pude perceber, tanto na apresentação quanto na sessão de cartas, é
intenção de Marcelo abrir espaço para personagens de outros autores. Gosto
muito do visual do Conversor e do
cenário de aventuras do Blagster, que
mescla ficção-científica com faroeste – este gênero, a propósito, é muito
apreciado pelo autor, como podem constatar os que leram suas várias HQs do
estilo publicadas na Billy The Kid &
Outra Histórias, de Arthur Filho. E me agrada principalmente o teor das
histórias de Sandro Marcelo, cujas principais influências são os bons tempos da
Marvel no passado, e da Bonelli Editore. A propósito, o sr. José Carlos Braga resume
muitíssimo bem o significado do trabalho de Marcelo:
Sou
fã da arte pura, bem anos 70, simples, mas direta, feita para entreter, levar o
leitor a viajar e a tornar-se também, um super-herói, sem se preocupar com essa
neurose atual de fazer quadrinhos cinematográficos, com suas cores realistas,
perfeições estéticas, e heróis sem moral, que praticam violência sem limite,
afinal, estou comprando uma revista de Quadrinhos, e não um tratado de anatomia
ou boletim de polícia. Isso não é alienação... é IMAGINAÇÃO!
Outra boa notícia é que a Campana agora faz parte das publicações da PADA, a cooperativa capitaneada
por José Valcir, há mais de duas décadas lançando publicações em Quadrinhos com
destaque para a Prismarte, que já
superou a marca de 50 números. Vamos torcer para que, com a ajuda da PADA, a
regularidade da Campana se torne mais estável. Sandro.marcelo.farias@gmail.com
– prismarte@prismarte.com (JS)
ÓI!, MAIS UM FANZINE QUE VIROU REVISTA
Já havia comentado anteriormente sobre o fanzine Ói!, produzido pelo estúdio Darcel, de
Aracaju/SE (quem não se lembra, pode rever aqui:http://jupiter2hq.blogspot.com.br/2011/11/fanzineiros-sergipanos-mandando-bem.html),
e eis que, para minha boa surpresa, recebo do editor, roteirista e desenhista
Rodrigo Costa a nova edição Ói, agora com acabamento gráfico
caprichado (capa couchê colorida – arte de Luís de Morais – 48 páginas p&b
e tons de cinza, também em couchê, no formato 21 cm x 15 cm), começando com a
numeração 1, apresentando quatro HQs: a primeira com o personagem Roboy de Rodrigo Costa, baseado nos
desenhos japoneses e nos filmes ‘B’ de ficção-científica (Costa também é autor
de uma HQ de duas páginas chamada ‘Cuidado Com Ele’); segue a revista com O Cara Do Terno, instigante personagem de
Arlan Clecio Emanuel, numa história passada toda num mictório público; o destaque
na capa, um personagem de nome invocadíssimo, The Noir Samurai Tango aparece numa HQ de Rodrigo Seixas chamada ‘Rosas
De Otoo’, que mescla referências de filmes antigos de detetive com a violência
desmedida dos filmes asiáticos e da sangreira gore; e finaliza a edição uma HQ de Juscelino Nero chamada ‘Destroços’,
sobre um tal Patriota, ou sobre um vídeo destruído por esse tal Patriota, numa
narrativa opressiva e sufocante. A propósito, o autor desta HQ se confessa um
fã do assassino psicótico Ed Gein – e eu pensando que a idolatria por idiotas
dementes havia acabado na década de 90, mas pelo visto eu estava enganado. Na
página que anuncia as atrações do próximo número, aparece lá o Monstruoso Frank, destaque no fanzine
precursor, esperemos que retorne mesmo na segunda edição. www.darcelcomics.blogspot.com.br
– darcelcomics@gmail.com (JS)
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