Júpiter
2 lançando o quinto número de Tiras vs Monstros, formato 21 cm x
15 cm, capa colorida em papel couchê (arte
de Antoniêto Pereira) com 28 páginas em p&b apresentando a HQ ‘Ameaças
Gigantescas’. Já disse anteriormente que este gibi Tiras vs Monstros é uma
extensão dos fanzines, ou seja, foi concebido através de dois fanzineiros: este
que vos escreve, encarregado de rabiscar os roteiros, e o ilustrador Antoniêto
Pereira. De minha parte, busquei inspiração em outras Histórias-em-Quadrinhos,
mas principalmente nos filmes B. Esta edição, em especial, mais do que nunca é
inspirada nesse estilo de se fazer cinema. São vários os estilos de filmes B e
dentre os mais conhecidos estão os chamados drive
in movies, produzidos nos EUA durante a década de 50. Os drive ins, cinemas ao ar livre onde os
espectadores podiam entrar com seus automóveis e daí mesmo assistir confortavelmente
aos filmes, eram frequentados majoritariamente por jovens e muito jovens, que
acabaram por criar um novo nicho mercadológico de filmes, à margem das
grandiosas produções hollywoodianas. Produtores arrojados, diante de orçamentos
restritos ou restritíssimos, foram encarregados de suprir aquela nova forma de entretenimento
que surgia. As fontes de inspiração vieram da ficção-científica, plena de
monstros, mutantes, invasores do espaço, e daí resultaram filmes que na época
pouco chamavam a atenção do público – incluindo grande parte do público que
frequentava os drive ins, jovens mais
interessados em paqueras ou em comer hambúrgueres e cachorros-quentes nas
lanchonetes locais, do que propriamente em assistir aos filmes. O tempo fez
justiça àquelas produções feitas com pouco dinheiro e muita criatividade, e
hoje em dia muitos daqueles filmes exibidos nos telões dos drive ins acabaram se tornando objeto de culto, e ganharam até
mesmo uma nova denominação: filmes trash
(‘lixo’) – outra grande injustiça, haja vista que algumas daquelas produções
eram muito mais divertidas do que determinadas super-produções dos grandes
estúdios de Hollywood.
Os já iniciados perceberão facilmente quais
os filmes que são referência nesta edição de Tiras vs Monstros: primeiramente
trata-se de O Ataque da Mulher de 15
Metros/Attack Of The 15th Foot Woman, lançado em 1958, com direção de
Nathan Juran (nos créditos, com o pseudônimo Nathan Hertz). No filme, uma
socialite entediada e corneada pelo marido, durante um solitário passeio de
automóvel acaba sendo surpreendida por uma nave interplanetária e seu
misterioso viajante espacial, que acaba raptando-a por breves momentos. De
volta a sua casa, a mulher começa a sentir-se estranha e, sem que perceba,
sofre mutação que aumenta o tamanho de seu corpo até 15 metros de altura – e
assim ela vai tirar satisfação do marido infiel. Um dos mais cultuados filmes B
de nossos dias, graças especialmente aos (d)efeitos especiais, abuso de
retro-projeção, e o maior charme: a incrível e gigantesca mão de borracha que
aparece em cena destruindo um bar. O filme teve nos anos 90 uma refilmagem
lamentável, a despeito de se tratar de uma produção milionária.
Outro filme de referência é O Monstro Atômico/The Amazing Colossal Man,
de 1957, dirigido por Bert I. Gordon, ou ‘Mr. BIG’ para os fãs, um dos mais
criativos produtores de filmes B. Foi dele também a continuação desse filme e
que inspira mais diretamente a segunda parte da HQ desta revista: War Of The Colossal Beast, lançado no
ano seguinte. Em O Monstro Atômico,
um cientista é atingido pela radiação de uma bomba de plutônio que lhe provoca
mutações: seu corpo cresce na proporção em que sua mente enlouquece,
aterrorizando a cidade de Las Vegas. Vendo este filme, a gente fica com uma
forte suspeita de que o roteirista de HQ Stan Lee deve não só ter assistido mas
gostado muito dele, e lembrou-se disso ao escrever o seu Incrível Hulk, especialmente na seqüência decisiva em que os raios
de plutônio atingem em cheio o cientista. Em War Of The Colossal Beast, quando todos davam o Monstro Atômico
como morto, eis que ele retorna, com o rosto deformado e ainda mais irracional
e violento. Tão marcantes foram estes filmes, não só para Stan Lee mas para
tantos outros fãs espalhados pelo mundo, que mesmo aqui no Brasil os dois
filmes foram recentemente lançados em dvd pela Cult Classics, cópias de boa
qualidade – se quando exibido nos cinemas brasileiros o filme The Amazing Colossal Man ganhou o título
de O Monstro Atômico, agora neste
lançamento da Cult Classics o nome do título foi simplesmente traduzido para o
português, O Incrível Homem Colossal;
já a seqüência (que, creio eu, seja inédita nos cinemas daqui), ganhou o título
de A Volta do Homem Colossal. A
lamentar no lançamento da Cult Classics, somente as legendas, dessincronizadas
com os diálogos dos personagens. (JS)