A 132ª. edição do
fanzine QI (22 cm x 16,5 cm, 28 páginas em off-set), editado pelo
mineiro de Brasópolis, Edgard Guimarães, começa com força total, apresentando
um artigo sobre o personagem dos Quadrinhos, o Judoka (escrito pelo próprio editor), que é o melhor que eu já li a
respeito deste herói brasileiro das HQs – e olhem que eu já li ‘uns par deles’,
como a gente costuma falar aqui em Jaú (creio que em Brasópolis se fala assim,
também). Uma relação completa de todos os artistas que passaram pela longeva
coleção publicada pela Ebal de Adolfo Aizen na primeira metade dos anos 70 do
século passado – e não só isso, mas também sobre o filme feito sobre o
personagem (uma raridade que não se encontra em lugar nenhum, e olhem que sou
um cinéfilo garimpeiro com mais de 600 filmes em minha coleção). Ed não se
esquece nem mesmo do Judomaster, o
personagem norte-americano da Charlton Comics que precedeu o Judoka na coleção da Ebal, que tem no
artigo uma cronologia completa – e bem humorada, tantos foram os ‘furos’ da
Ebal com o personagem da Charlton. Outro destaque é a coluna ‘Mantendo Contato’,
apresentando a primeira parte de uma entrevista com Maurício de Souza feita por
Worney Almeida de Souza em 2009. Permitam os amigos alguns pitacos de minha
parte: convivi com um ex-colega de Maurício de Souza, o roteirista e ilustrador
Gedeone Malagola, nos últimos anos de sua vida, quando penava contra problemas
físicos consequência de um acidente doméstico, e que o deixaram recluso na
cama. Na referida entrevista, Maurício diz que, no início dos anos 60, quando
já publicava em jornais, apresentou uma história de terror ao diretor de arte
da Editora Continental, Jayme Cortez. Segundo de Souza, o grande capista teria
lhe dito para esquecer aquela ‘merda’ e trazer seus personagens infanto-juvenis.
Gedeone Malagola me confessou, numa das inúmeras conversas que tivemos, que
Maurício de Souza recorreu a ele e a Waldyr Igayara, profícuos desenhistas,
para que pudessem lhe ajudar a produzir gibis com Bidu e Franjinha, de modo que
Gedeone e Igayara produziram, eles mesmos, as HQs para aquelas publicações. O
próprio Gedeone me presenteou com algumas revistas Zaz-Traz e Bidu lançadas
pela Continental (inclusive uma que tem a capa reproduzida nas páginas do QI),
onde pode-se constatar facilmente quem foi que desenhou aquelas histórias. Ei,
mas que fique bem claro, isso não desmerece de forma alguma a vitoriosa
trajetória de Maurício de Souza no campo dos Quadrinhos e do entretenimento. Se
Maurício de Souza foi ou não ingrato com aqueles que lhe ajudaram
anteriormente, cabe a Deus o julgamento. De qualquer forma, Gedeone não
demonstrava ressentimento contra Maurício de Souza – tenho uma carta deste a
Gedeone, datada de julho de 1980, que parece ser muito simpática.
E como não poderiam
faltar em qualquer número do QI,
temos o Fórum de Leitores, a relação dos mais recentes lançamentos de
publicações independentes, além da participação dos colaboradores Chagas Lima,
Luís Cláudio Lopes Faria, Paulo Miguel dos Anjos, Rafael Grasel, César Silva –
até eu apareço por lá, exercendo meu rancor político. Mas a melhor colaboração
veio do meu querido amigo Antônio Armando Amaro, que enviou ao Edgard uma
página antológica de O Tico-Tico onde
são homenageados dois dos mais geniais artistas daquela publicação, Max Yantok
e Luiz Sá. E ainda temos o Poeta Vital
de ‘saideira’, refletindo sobre a vagabundagem criativa. Como sempre, o QI é
uma publicação indispensável. Contatos com o Ed Guimarães em edgard@ita.br (JS)