quarta-feira, 19 de junho de 2013

JÚPITER 2 LANÇA QUINTO NÚMERO DE CHICO SPENCER

Chico Spencer, mesmo não sendo ainda um personagem conhecido por um grande número de leitores, vem promovendo alguns eufóricos admiradores, gente que entende do riscado e que nos dedica entusiasmados elogios. Talvez por conta desses elogios, além é claro de meu ego monstruoso, Chico Spencer é um xodó para seu autor, este que vos escreve. Por isso nossa alegria e responsabilidade a cada novo número desse personagem, como por exemplo o número 5 que acaba de ser lançado pela cooperativa Júpiter II (21 cm x 15 cm, capa couchê colorida – arte de Emmanuel Thomaz/Elthz – 32 páginas em preto & branco). Chico Spencer n.5 apresenta duas HQs, ambas escritas por José Salles: ‘O Contrato’, ilustrada por Elthz e artefinalizada por Carol Gimka: o robusto detetive, sem se dar conta é alvo de terrível vingança: um desafeto contrata um matador profissional para dar cabo dele. Na sequencia, Spencer mostra a um casal amigo ‘O Natal Com Que Sonhei’ – ok, eu sei que é fora de época, mas creio que a HQ pode ser apreciada em qualquer data – graças especialmente aos desenhos de Elthz. Esta edição, ainda mais do que as anteriores, é dedicada especialmente aos amantes dos grandes musicais de Hollywood dos anos 40 do século passado. (JS)

FANZINE QI CHEGA NA 121a. EDIÇÃO, E SEMPRE MELHORANDO!


Desde sua reformulação a partir do centésimo número, o fanzine QI do mineiro Edgard Guimarães só vem crescendo, e esta 21ª. edição (17 cm x 22 cm, 24 páginas p&b,  impressão digital) reforça este ponto de vista. Temos na capa tiras produzidas pelo próprio editor, em 1987, satirizando famosos personagens infantis como Cebolinha, Mafalda e Charlie Brown. Depois do breve catálogo de gibis & revistas à venda, e do editorial (indispensáveis na segunda página da publicação) temos a indefectível coluna dos ‘Heróis Brasileiros’, sendo abordado neste número o Sepé Tiaraju de Flávio Colin, em artigo escrito pelo Edgard Guimarães e que vai muito além do personagem, apresentando uma visão equilibrada da História do período (fins do século XVII), citando todas as publicações com o Sepé ou que fizessem referência a ele. Worney de Souza, além de sua coluna habitual (‘Mantendo Contato’), escreve sobre a paulistana Editora Graúna, que teve sua importância no mercado de Quadrinhos brasileiros no final da década de 60, chegou até a publicar personagens da Marvel Comics que se tornariam famosos posteriormente, especialmente o Conan. Mas Worney destaca duas edições em particular, da brevíssima coleção da revista Far-West, que apresentou HQs de faroeste produzidas por autores brasileiros – incluindo um personagem muito interessante chamado Joe Merril, um médico bom de tiro, que chegou a aparecer em algumas outras aventuras em outros gibis de faroeste brasuca. Na ‘Mantendo Contato’, Worney aborda três edições distintas, destaque para Michelle, A Vampira de Emir Ribeiro, ganhando uma edição capitaneada pelo próprio Worney.
Que bacana, uma página com tiras do Sacarrolha, o memorável personagem de Primaggio Mantovi – que foram parar nas mãos do editor e nas páginas deste número do QI graças ao boa praça e amigo Paulo Miguel dos Anjos (Benjamin Peppe). E o editor Ed Guimarães ataca com outro ótimo artigo, sobre a trajetória do personagem Smilinguido, não só nos Quadrinhos, bem como produtos diversos. Se no artigo sobre Sepé Tiaraju Ed faz citação oportuna de Voltaire, aqui ele próprio faz uma troça sobre consumismo que provavelmente divertiria o próprio Voltaire!
O editor ainda nos apresenta a coluna (que se tornou uma das favoritas entre os leitores do fanzine) ‘Mistérios do Colecionismo’, e o tema abordado não poderia ter sido melhor, particularmente para mim que cresci lendo os formatinhos da Ebal, marcante era a coleção Edição Extra em formatinho, que apresentava personagens variados da DC Comics nos anos 70, quando essa editora ainda publicava alguma coisa que valia a pena. E o Edgard Guimarães nos passa a relação completa dessa ‘coleção informal’, vamos dizer assim. Completinha da silva! Amo com afeição nostálgica a coleção Edição Extra em formatinho da Ebal, da qual ainda guardo alguns excelentes exemplares.
‘No Depoimento do Editor’ na ‘Memória do Fanzine Brasileiro’, a hora e a vez do jornalista e historiador auto-didata Gonçalo Júnior, o fanzineiro precoce que se tornou o notável autor do livro A Guerra dos Gibis, e de tantas outras notáveis pesquisas. Gonçalo não gosta muito que eu lembre disso, mas foi seu livro A Guerra dos Gibis que me inspirou decisivamente para criar a cooperativa que hoje chamamos de Júpiter II.
                Além do Forum e a lista das publicações independentes, os leitores do renovado QI se acostumaram aos encartes & brindes concedidos pelo fanzine nos últimos números – e desta feita temos mais três: dois ‘Cotidianos Alterados’, apresentando num lado da folha um cartum de Edgard Guimarães; e no verso uma breve crônica informativa-opinativa do editor a respeito de obras que são verdadeiras raridades na História dos comics, desta feita os personagens abordados são Max und Moritz, do alemão Wilhelm Busch (no Brasil publicados como Juca e Chico), os irmãos traquinas e bagunceiros que serviram de inspiração aos Sobrinhos do Capitão; e o outro personagem abordado é Nibsy the Newsboy, criação do incrível George MacManus, o célebre autor de Pafúncio e Marocas/Bringing Up Father), produzido antes do sucesso deste último. De quebra, um encarte de oito páginas apresentando o artigo de Gazy Andraus intitulado “A Imagética na Memória ou A Estruturação da Psique Criativa Infanto Juvenil por meio do Panvisual”. Calma, não se assustem, eu também pensei que fosse um daqueles artigos que só se lesse na academia, mas me surpreendi positivamente com o tom informal e afetivo com que o autor expressa a influência que recebeu, na tenra idade, dos Quadrinhos e suas variantes, álbuns de figurinhas, álbuns ilustrados informativos, brindes em outros produtos comerciais, etc. Leitura muito agradável.

                Na contracapa, a intenção do editor é manter os cartuns de seu personagem Poeta Vital – produzido entre 1993 e 1994, eu mesmo não me lembrava dele, ou ainda não o conhecia, parece ser muito divertido. Pra quem ainda não conhece, então é hora de conhecer não só o Poeta Vital mas todo o conteúdo do QI, contatando o Edgard Guimarães em edgard@ita.br (JS)

segunda-feira, 10 de junho de 2013

QUADRINISTAS INDEPENDENTES DO CENTRO-OESTE MANDANDO BEM!

É prática comum, no meio dos artistas independentes dos Quadrinhos, o lançamento de edições ecléticas, apresentando histórias produzidas por artistas de estilos diversos & distintos. Quem se dispuser a catalogar esse tipo de publicação, cada vez mais habitual a partir de meados da década de 90 do século passado, vai ter um trabalho danado.
A divisão das despesas da tiragem talvez seja o principal motivo, ou melhor dizendo, o motivo mais prático para o crescimento deste tipo de publicação. Mais recentemente, publicações assim servem como divulgação de sítios e blogues internéticos dos autores, onde têm mais chance e mais espaço para apresentar suas obras.
Uma recente edição eclética de artistas independentes dos Quadrinhos acaba de parar em minhas mãos. Batizada Qico (Quadrinistas Independentes do Centro-Oeste – 22cm x 16 cm, capa couchê colroida, miolo de 40 páginas tons de cinza em couchê), reúne uma seleção de jovens & talentosos(as) artistas do centro-oeste brasileiro. Lê-se na quarta capa da edição:
É a reunião de histórias e tiras de alguns quadrinistas independentes do centro-oeste. Esta edição tem romance e suspense, ação e heroísmo reflexão e humor, tem aviador, super-herói, médico, artista plástico e até caçadora de vampiros! Tem histórias para todos os gostos!
Aqueles que, como eu, já estão muito mais perto dos cinquenta anos de idade, do que dos vinte, deve se armar de paciência e tolerância para analisar trabalhos das gerações mais jovens. Afinal, não tiveram contato com tantos e tantos personagens da Era de Ouro que nós tivemos, personagens clássicos que líamos mensalmente e que hoje se encontram totalmente banidos das bancas. Por isso com muita alegria pude conhecer esta edição, com histórias produzidas por artistas que estavam nascendo quando eu já vivia crises existenciais, uma edição que me agradou muitíssimo!
Começa com a melhor de todas, criação de Heluiza Bragança e Cátia Ana, ilustrada por esta última: ‘Às Seis’ é uma narrativa poética e romântica maravilhosa, emocionante mesmo, algo que só vi parecido no fanzine dos irmãos Damas (confiram aqui http://www.jupiter2hq.blogspot.com.br/2012/02/um-fanzine-romantico.html:). Como vocês sabem, eu também venho tentando trilhar esses caminhos românticos com o título Romance Em Quadrinhos da Júpiter II, mas não posso negar: ainda tenho que ralar muito, para chegar onde já chegaram Heluiza, Cátia Ana e os irmãos Damas. De Cátia Ana ainda temos uma página de cativante sensibilidade, chamada ‘Conservas’, sobre as fases da vida de uma mulher (vou repassar o sítio internético da moça, para que possam melhor conhecer esse magnífico trabalho: www.odiariodevirginia.com).
Em seguida temos ‘Lupus’, produzida por Daniel Costa, apresentando seu simpaticíssimo personagem, o jovem super-herói Rboy, que trabalha numa organização especializada em encontrar e combater monstros. A despeito do cenário todo dark, o herói é bem-humorado, sempre brincando com seus parceiros. Pena que temos somente um capítulo da história, onde Rboy está no encalço de um lobisomem – a história segue no sítio www.hotmindcomics.com.br).
‘Meus Nervos’, que vem na sequência, apresenta trabalho de Sólon Maia, retratando num estilo muito peculiar as atribulações de um médico de hospital público, que além dos pacientes convive diariamente com Deus e com a morte. Não gosto das influências que o autor apresenta aqui (o pior do quadrinho europeu e do underground comics – se é que existe um ‘melhor’ nesses estilos...), e tenho uma visão de Deus totalmente diferente da que ele possui, mas é inegável o talento do jovem autor (nascido em 1981): ‘Meus Nervos’ possui humor muito perspicaz e inteligente, longe do grosseiro, apontando as mazelas da saúde pública – não escapa nem o público que dela se serve. Uma obra com muito mais virtudes do que defeitos (www.meusnervos.com.br).
Chega então a vez do Verdugo, O Inacreditável, da brasiliense Veronica Saiki. Conheci este personagem e seu universo nos fanzines lançados em meados da década passada, e confesso que me surpreendi ao não encontrar a temática ecológica, tão presente nos fanzines. Mas, longe de me decepcionar, adorei a história em ‘Aonde Quer Que Eu Vá...’, uma narrativa intimista com visual lisérgico. E algo facilmente perceptível, tanto nos fanzines quanto nesta história da edição do Qico: o inegável talento da jovem Very (www.verdugooinacreditavel.blogspot.com.br).

Encerra a edição Jessi & Zack, uma caçadora de vampiros apaixonada por um sanguessuga galã. Aqui os quase cinquentões, que cresceram assistindo aos filmes de vampiro da Universal e da Hammer (eram reprisados continuamente na tv, moçada, bem antes da invenção dos canais de fibras óticas), vão ter muita dificuldade para entender, mas as tirinhas são muito bem humoradas e graciosas (www.recantodachefa.blogspot.com). (JS)

BILLY THE KID & OUTRAS HISTÓRIAS ATINGE A 18a. EDIÇÃO


Do editor gaúcho Arthur Filho chega o 18º. número da revista Billy The Kid & Outras Histórias (22 cm x 14 cm, capa colorida em papel cartolina – arte de Ariton Marcelino – e 28 páginas em preto & branco), apresentando HQs com temática no faroeste americano. Começa com a HQ em capítulos produzida pelo paraense Emmanuel Thomaz (Elthz): ‘A Sina de Blackwood Jones’, um ex-escravo em busca de vingança; a segunda história publicada neste número apresenta a estréia em Billy The Kid & Outras Histórias de Ailton Elias, experiente quadrinista brasileiro, autor da célebre Brigada das Selvas (uma edição já publicada pela Júpiter II, e uma outra à caminho!), apresentando seu personagem Big Ranger, um delegado federal incansável na luta contra o crime. Após a sessão de cartas, é hora e a vez de ‘O Enforcado’, do ótimo Airton Marcelino, mais uma vez comprovando seu talento. A edição termina com HQs curtas e esboços do editor Arthur Filho – sendo de Sandro Marcelo a arte da contracapa (confiram abaixo). Entrem em contato com o editor em arthur.goju@bol.com.br (JS)


quarta-feira, 5 de junho de 2013

CAPITÃO MACNAMARA ESTÁ DE VOLTA!

Em novembro de 2008 a cooperativa de Quadrinhos Júpiter II lançava a primeira parte da minissérie Capitão MacNamara contra a Invasão Extraterrestre. A primeira edição teve 32 páginas, a capa ficou a cargo de Doulgas Félix e a HQ ilustrada por Eduardo Manzano. Infelizmente o criador do Tormenta na ocasião enfrentava alguns problemas que o impossibilitaram de concluir a minissérie, de modo que nos vimos obrigados a escalar outro desenhista (que foi Emmanuel Thomaz, o atual ilustrador de Chico Spencer) e somente em fevereiro de 2010 lançamos a segunda parte da minissérie, igualmente com 32 páginas (e capa do mesmo Thomaz). Capitão MacNamara contra a Invasão Extraterrestre representou o desejo deste que vos escreve de produzir uma HQ mesclando diversos estilos apreciados por muitos leitores (e pelo próprio roteirista, evidentemente), quais sejam: faroeste, terror e ficção-científica. Não por acaso dediquei os gibis à italiana Bonelli Editore, useira e vezeira em mostrar HQs mesclando estilos, não só em algumas histórias do Tex mas especialmente no Zagor. Há também antecedentes cinematográficos, seja a caprichada produção de 1969, O Vale de Gwangi/The Valley Of Gwangi (um tiranossauro rex no faroeste, com efeitos especiais produzidos pela equipe de Ray Harryhausen) ou nos impagáveis filmes-B Billy The Kid vs. Dracula e ainda Jesse James meets Frankenstein’s Daughter, ambos de 1966. Imagino que uma pesquisa no fabuloso universo dos filmes de baixo orçamento e encontraríamos outras pérolas semelhantes. Na televisão, vale citar o memorável episódio na segunda temporada do seriado Túnel de Tempo de Irving Allen quando os cientistas Tony e Doug vão parar no faroeste e se deparam com dois alienígenas. Também em outro seriado de Allen, num episódio da terceira temporada de Perdidos no Espaço a família Robinson vai parar no velho oeste. Como se percebe, o badalado hollywoodiano Cowboys vs. Aliens veio depois de tudo isso – até mesmo depois do nosso humilde Capitão MacNamara. Nos anos mais recentes, quando venho tendo a valiosa oportunidade de várias ‘parceradas’ com o mestre dos Quadrinhos José Menezes (nas Histórias Sagradas, no Tormenta, e até com o Flecha Ligeira), pensei em reaproveitar o personagem para uma nova aventura – que é exatamente esta que vocês encontrarão em Capitão MacNamara contra a Vingança Extraterreste (21 cm x 15 cm, 40 páginas p&b, roteiro de José Salles, arte de José Menezes, capa de Menezes colorizada por Adauto Silva). Se anteriormente MacNamara e amigos enfrentaram a ameaça alienígena nos rincões do meio-oeste norte-americano, agora a enfrentarão no rebuliço urbano de Chicago. (JS)