Sendo o
faroeste o gênero mais popular nas décadas passadas (especialmente na primeira
metade do século passado), fosse na literatura ou no cinema, os editores de
Histórias-em-Quadrinhos rapidamente descobriram o filão, transformando-o
igualmente num dos mais rentáveis dos comics
(notadamente nos anos posteriores a Segunda Guerra Mundial, com a saturação dos
super-heróis dos gibis). A Editora Júpiter original (editora paulistana fundada
por Auro Teixeira e Gedeone Malagola) não poderia ficar para trás e também lançou
nas bancas o seu título no estilo, chamado Aventuras
No Far-West, apresentando HQs estrangeiras do sindicato A.P.L.A. e
mostrando diversos e curiosos personagens criados por Gedeone Malagola no
início de sua carreira de artista dos Quadrinhos. Nesta oitava edição de O Bom
& Velho Faroeste reapresentaremos dois personagens criados por
Gedeone Malagola para a Editora Júpiter, esta que foi um digno ‘laboratório’
para aquele que se tornaria um dos mais criativos e profícuos artistas
brasileiros dos Quadrinhos. E não só os machões atiravam bem nos Quadrinhos,
muitas heroínas de faroeste marcaram História, e Gedeone Malagola também criou
a sua cow-girl que se tornou estrela
dos gibis da Editora Júpiter: Jane West. Como de praxe naquela
época, as exigências editoriais do período levavam os criadores a copiarem o
quanto possível os personagens dos comics norte-americanos, que eram os mais
rentáveis nas bancas. Jane West é baseada, por exemplo, em personagem
norte-americana como Cabelos-de-Fogo
(ou Amazona dos Cabelos-de-Fogo, ou Jane Ruiva, nomes brasileiros da
personagem Firehair). Jane West,
digna precursora da Katy Apache,
estrela dos gibis da Grafipar nos anos 1980, não é tão sensual quanto a heroína
de Cláudio Seto e Mozart Couto, mas também não deixa de ter sua dose de
sensualidade. Na aventura republicada nesta edição de O Bom & Velho Faroeste (originalmente publicada em Aventuras No Far-West n.4 da Editora
Júpiter, de abril de 1953), Jane West enfrenta um traficante de armas, com
narrativa digna dos antigos seriados de cinema, que Gedeone amava desde
criança. Outro personagem de Gedeone Malagola criado para Aventuras No Far-West foi Sierra Lane, “clone” do Durango Kid, o famoso herói consagrado
no cinema na pele do ator Charles Starret, e nos Quadrinhos sua pena mais
famosa foi a de Fred Guardineer. A exemplo do personagem nascido nos EUA,
Sierra Lane também cavalga através das pradarias para manter a ordem no velho
oeste. Apesar da semelhança física com o Durango Kid, a atuação de Sierra Lane
é mais parecida com a do Zorro/The Lone
Ranger, já que parece não ter identidade secreta, e só é visto mascarado,
cobrindo o rosto com o famoso lenço-capuz. Na aventura reproduzida em O Bom
& Velhor Faroeste n.8 ( e também publicada originalmente no quarto número
de Aventuras No Far-West), Sierra
Lane ajuda as autoridades a conseguir provas judiciais que possam de fato
mandar para a cadeia um criminoso que o próprio Sierra havia capturado, com sua
destemida coragem e destreza no colt. E, desta feita, além dos atributos
conhecidos, Sierra usará de seus dotes dramáticos, disfarçando-se de velhinha
(!!!) para ludibriar o bandido. O melhor de tudo é uma empolgante perseguição
ao facínora, que começa a cavalo nas pradarias e termina sob os tetos dos
vagões de uma locomotiva em movimento. Gedeone Malagola criou personagens de
vários estilos em sua passagem pela Editora Júpiter - os personagens de
ficção-científica, notadamente aqueles da Patrulha
do Espaço, os fiéis leitores dos gibis da Júpiter II já puderam conhecer
acompanhando nossa coleção do Raio Negro;
também o cangaceiro Mílton Ribeiro,
também criado naquela ocasião, já
publicamos em Aventuras no Cangaço.
Agora, é com muita alegria que nesta oportunidade apresentamos dois de seus
personagens de faroeste criados na primeira metade da década de 50 do século
passado. De quebra, nesta edição, José Salles comenta sobre o filme Trindade Violenta, com Charlton Heston e
Anne Baxter. (JS)
quarta-feira, 25 de junho de 2014
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