Cooperativa Júpiter II lançando o quinto número do Benjamin
Peppe, criação de Paulo Miguel dos Anjos, personagem da paz, do amor e
dos esportes radicais, um dos preferidos de nossos leitores mirins. Uma edição
com 24 páginas dedicadas especialmente aos ilustradores, com participação de um
timaço de artistas (muitos deles ativos colaboradores da Júpiter II):
Wellington Santos, Verônica Saiki, Dennis Oliveira, Jeferson Adriano, William
Raphael, e muitos outros – incluindo participação do grande mestre dos Quadrinhos
Julio Shimamoto. Não nos esquecemos das HQs, elas também estão presentes graças
aos talentos de Laerçon, Thiago PHZ e Chagas Lima – deste último, uma HQ de
duas páginas, toda colorida! Taí o Benjamin
Peppe, esbanjando alto astral e energias positivas, engrandecendo o nome da
Júpiter II e conquistando leitores infanto-juvenis! Valeu, Anjos! (JS)
domingo, 21 de setembro de 2014
HISTORIADOR DOS QUADRINHOS LANÇA FANZINE LEMBRANDO OS GIBIS DA EBAL
Quem
chega perto dos cinquenta anos de idade e ainda aprecia as
Histórias-em-Quadrinhos, muitíssimo provavelmente começou esse hábito
conhecendo os gibis da Ebal (Editora Brasil América Ltda). De fato, a Ebal já
vinha cativando leitores desde 1945, mas mesmo os de minha geração, que vieram
a conhecer as publicações da Ebal já em sua fase de declínio administrativo, o
fascínio ainda era o mesmo. É verdade que ainda existem fãs de Quadrinhos que
já são maduros e nasceram depois do fim da Ebal, porém as revistas da editora
de Adolfo Aizen eram realmente algo especial, todas feitas com muito capricho –
para os mais jovens terem uma idéia, as primeiras edições coloridas da Ebal,
lançadas na parte final da década de 60 do século passado, foram elogiadas
& desejadas até mesmo pelos editores norte-americanos, eles também reconhecendo
que as revistas em cores da Ebal eram muito superiores às originais. O fascínio
que as revistas da Ebal provocaram em seus jovens leitores de antanho foi tanto
que pode ser comprovado por algumas obras de alguns de seus jovens leitores,
agora adultos maduros mais próximos da velhice do que da juventude, como por
exemplo o que fizeram os organizadores do imprescindível Guia da Ebal na
internet (www.guiaebal.com), contando com
uma galeria quase completa das capas das principais coleções da editora
carioca, além de um considerável número de downloads gratuitos para os
interessados. E me permitam os fiéis leitores deste blog um pequeno rasgo de
imodéstia de minha parte: eu também sou prova do fascínio provocado pelas
revistas da Ebal, já tendo lançado alguns polpudos fanzines a respeito de suas
coleções. Eis que agora um outro fanzineiro, coevo deste que vos escreve, o
polêmico historiador dos comics
Antônio Luiz Ribeiro, retorna à atividade fanzineira (ele que editava o
avassalador Formulário Contínuo na
década de 90) com uma publicação que é também grande lembrança dos gibis da
Ebal: trata-se de Superduplas, a primeira edição em formato americano (27 cm x 19
cm) capa couchê colorida com 26 páginas em tons de cinza apresentando uma antiga
aventura reunindo dois famosos heróis da DC Comics, Batman e Flash, publicada
originalmente em The Brave & The Bold
# 67 (agosto/setembro de 1966). Esta foi a revista que a partir da segunda
metade da década de 60 passou a apresentar aventuras do Batman ao lado de algum
outro super-herói, e que tiveram aqui suas republicações nas revistas da Ebal,
notadamente nos gibis do Batman. O título do fanzine escolhido pelo Antônio
Luiz faz referência a uma coleção lançada pela Ebal na virada das décadas de
70/80, já na fase do formatinho, uma coleção chamada exatamente Superduplas que apresentava as HQs
republicadas da The Brave & The Bold,
apresentando a fase ilustrada pelo grande Jim Aparo (recentemente foi até
lançada uma versão em desenho animado baseada na série The Brave & The Bold). Neste primeiro fanzine Superduplas do Antônio Luiz, a HQ ‘Morte
do Flash’ foi escrita por Bob Haney e ilustrada por Carmine Infantino
(finalizada por Charles Paris) e, se não estou enganado, não foi publicada pela
Ebal. Ao que parece, talvez seja esta mesma a intenção do editor Antônio Luiz
Ribeiro, publicar as HQs que não foram publicadas pela Ebal, devidamente
traduzidas para o português. E as referências aos gibis da inesquecível editora
de Adolfo Aizen se fazem presentes no fanzine, com a republicação de páginas de
publicidade das antigas revistas, como por exemplo essa que vocês podem
conferir abaixo, a notável Coleção HQ, apresentando as memoráveis capas
produzidas pela Western Printing & Publishing. Que este seja o primeiro
número de uma vasta coleção, amigo Antônio! Contatos através do e-mail alribeb@gmail.com (JS)
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
SAIU O SEGUNDO NÚMERO DE VERDUGO O INACREDITÁVEL, DE VERÔNICA SAIKI
Cooperativa Júpiter II
acaba de lançar a segunda edição de Verdugo O Inacreditável, (21 cm x 15
cm, capa colorida em couchê, 22 páginas p&b) criação da brasiliense
Verônica Saiki. Desta feita, a autora reuniu quatro HQs que foram originalmente
publicadas nos fanzines que a mesma Verônica editou nos anos de 2007 a 2009,
mostrando as primeiras aparições de seus divertidos e instigantes personagens –
Verdugo, Chupeta, Silueta Ada e Eva. Este editor confessa a vocês que ficou
felicíssimo com esta edição, e explico: eu conheci os fanzines do Verdugo na ocasião em que foram
lançados, e a impressão foi tão boa e marcante que, quase cinco anos depois,
mesmo eu tendo perdido contato mais próximo com a autora, fiz convite para que
ela participasse da Júpiter II. Quando me apresentou o material fiquei
surpreso, pois tinha em mente o Verdugo
dos fanzines e não esperava a drástica mudança estética que Verônica mostrara.
Mas o talento estava lá, firme, vívido, arrojado, incrível, e com muita
satisfação lançamos o número 1 do Verdugo
pela Júpiter II no mês de fevereiro próximo passado. E com alegria redobrada
recebi da autora o recado de que, para o segundo número, ela mesma reuniria HQs
publicadas nos fanzines. Conversando com a Verônica por email, me chamou a
atenção uma de suas frases, dizendo que ela mal se reconhecia nessas HQs
antigas (nem tão antigas assim, né?). Claro que as pessoas mudam seus conceitos
e, no caso dos artistas, isso reflete nas obras de arte que elaboram. Mas a
alma, a boa índole, a dedicação, a convicção de querer passar uma boa mensagem,
nada disso Verônica perdeu, mas são sentimentos que engrandecem com a
maturidade da artista. Portanto, para quem não conheceu aqueles fanzines
maravilhosos da década passada, eis aí uma boa chance para conhecer, ao menos
pequena parte deles. E conheçam mais sobre o Verdugo e sua autora em www.verdugooinacreditavel.blogspot.com.br
(JS)
FANZINE QI SEGUE COM FORÇA TOTAL!!!
O editor Edgard
Guimarães parece mesmo cada vez mais empolgado com o fanzine QI,
como atestam as 32 páginas da 128ª. edição, já circulando para os interessados.
Autor da capa dramática, ele também assina diversos artigos, entre eles: na
sessão ‘Mistérios do Colecionismo’ fala sobre as publicações da Editora Versus,
que reuniu autores esquerdistas contra os governos militares – naquela ocasião
ainda era concebível autores de esquerda com aquele discurso, mas hoje, depois
de 12 anos de bandalheira petista, manter o mesmo discurso... não dá mais pra
aguentar; bem melhores são os assuntos que Ed trata nos outros artigos, como em
‘Desvendando a Alma em Matéria Pouca’, onde percebe uma incrível gafe de Bill
Waterson numa prancha dominical do Calvin;
ou a completa relação das edições do Monstro
do Pântano publicadas no Brasil – eu só acompanhei a fase pela Ebal em
formatinho, mas Guimarães apresenta amplo roteiro da trajetória do personagem
nas bancas brasileiras, apontando as lacunas editoriais de que o personagem foi
vítima. E mais um super-herói brasileiro dos Quadrinhos é retratado no QI (retratado por Marcos Fabiano Lopes e
comentado por Edgard Guimarães): o X-Man
de Eugenio Colonnese. Também Worney Almeida de Souza retorna com a coluna
‘Mantendo Contato’, abordando a Editora Nova Leitura que na década de 80
publicou mal e porcamente o clássico Os
Sobrinhos do Capitão. Olha só, e não é que o Ed me deu a honra de ter uma
de minhas modestíssimas resenhas sobre o QI neste blog, republicada nessa
edição do fanzine? Está lá na página 22, comentando o QI n.127. Há também HQs
curtas, de uma ou duas páginas – de duas páginas temos o Joe Ventania de Lincoln Nery, de página única temos dois ‘gaviões’:
O Gavião de Dennis Oliveira (que tem
outra HQ publicada, um sensível retrato de um palhaço de circo), e o outro é o Gavião Lunar, de Chagas Lima. Luís
Cláudio Faria Lopes reaparece com três divertidas tirinhas sobre o mundo da
política. O Fórum de leitores e as publicações independentes têm menos páginas
do que o habitual, mas continuam marcando espaço no QI, que encerra magistralmente com um libelo contra a pena de morte
nas palavras do Poeta Vital – é isso
aí Poeta, se não fomos nós humanos quem criamos a vida, não temos direito de
tirá-la de ninguém, muito menos de um de nossos semelhantes, e sempre há o
risco dum erro judiciário, que nesse caso seria irreparável. Ser contra a pena
de morte não quer dizer que homicidas não mereçam ficar presos, reclusos,
afastados da sociedade, proibidos de circular na ruas e de apreciar as coisas
boas da vida, mantendo contato unicamente com carcereiros e colegas de cela. E,
de preferência, trabalhando duro, diariamente, até ficar exausto! Isto porque
nós que acreditamos que o espírito é imortal, que a vida segue muito além da
carne putrefata, sabemos que o criminoso punido com a morte fica potencialmente
muito mais perigoso e nocivo quando desprendido da vestimenta carnal! Contato
com o Ed Guimarães em edgard@ita.br (JS)
domingo, 7 de setembro de 2014
REFLEXÕES SOBRE O 7 DE SETEMBRO
O maior e melhor
historiador do Brasil, na atualidade, chama-se Laurentino Gomes. Três de seus
livros tornaram-se, justamente, alguns dos mais vendidos nas livrarias
brasileiras, todos eles intitulados com os anos que marcaram efemérides
decisivas na História brasileira: 1808
(chegada da Família Real portuguesa ao Brasil), 1822 (Independência do Brasil) e 1889 (Proclamação da República). Nestes três livros, Gomes comete
um único deslize – lamento muito dar ênfase a um único deslize numa obra
formidável, magnífica, indispensável, que todos deveriam conhecer, mas é um bom
‘gancho’ para o que eu gostaria de dizer nas linhas que seguem. Pois bem, o
referido único deslize do notável historiador aparece no livro 1822:
Em 1972, ano do Sesquicentenário
da Independência, D. Pedro foi mostrado no filme Independência Ou Morte como um herói de porte marcial, sem
vacilações ou defeitos, interpretado pelo ator Tarcísio Meira. Era a moldura
que lhe cabia naquele momento em que o governo militar torturava presos
políticos, propagandeava o milagre econômico e tentava dourar a história
oficial nas disciplinas de Educação Moral e Cívica e Organização Social e
Política do Brasil.
Bem,
vamos começar do início, diria o Conselheiro Acácio: o filme citado por Gomes,
praticamente banido entre nós, não mostra D. Pedro I como alguém “sem
defeitos”. Os defeitos são apresentados sim, mas sem a ênfase que se dá a eles nos
dias de hoje, como um amante das noites boêmias e fascinado pelo sexo feminino.
Sua infidelidade conjugal também não é ocultada. Tampouco a soberba que tomou
conta de seu espírito, durante um breve tempo em seu curto reinado. Provavelmente
Gomes não tenha conseguido rever o filme, já que nunca é reprisado em lugar
nenhum, tampouco foi relançado em dvd. No começo deste século, a revista Isto É lançou uma série de filmes em
vídeo-cassete (VHS), e entre eles o Independência
Ou Morte dirigido por Carlos Coimbra. Foi a última vez que tivemos notícia
deste filme, e talvez por isso Laurentino Gomes não tenha conseguido
re-assistí-lo, para formar melhor opinião sobre ele. Eu tenho lembrança muito
forte desse filme. Lembro-me de tê-lo assistido pela primeira vez no Cine Rio
Preto, da cidade de São José do Rio Preto, um imenso cinema com 1100 lugares
(hoje é um shopping center). Lembro-me também das imensas filas que se
formavam, atravessando praça do centro da cidade (foi um retumbante sucesso nacional
de bilheteria), e me lembro, especialmente, da eufórica vibração da platéia,
com urras e aplausos, na seqüência marcante do Grito do Ipiranga, quando o ator
Tarcísio Meira, na plenitude de seu vigor físico, incorporando todo o heroísmo
daquele momento histórico, encarnou o que de melhor havia em D. Pedro de
Alcântara! Revendo o filme, há pouco tempo atrás – consegui uma cópia do VHS da
Isto É e repassei as imagens em dvd –
pude constatar que filme grandioso é Independência
Ou Morte, muito além da citação simplista de Laurentino Gomes. Uma
super-produção caprichadíssima de Ovaldo Massaíni, contando com os atores &
atrizes mais famosos da época (alguns o são ainda hoje), e retratando com muito
respeito os personagens e os acontecimentos históricos. Mais desastrada ainda do
que a opinião de Gomes sobre o filme, é a conotação política que expressa sobre
ele, onde algum leitor desavisado poderia até mesmo ter a impressão de que o
ator Tarcísio Meira defendia a tortura de presos políticos. Também parece
desgostar a Gomes o sistema de ensino dos governos militares, particularmente
as disciplinas citadas de EMC e OSPB.
Repito:
a obra de Laurentino Gomes é uma das melhores coisas que poderia ter acontecido
para a historiografia brasileira, com sua análise e suas impressões bastante
lúcidas sobre o Império brasileiro, a partir de estudo riquíssimo. Mas me
permito discordar inteiramente de suas opiniões naquele que considero seu único
deslize. Fiz o ensino básico no tempo do governo Geisel e agradeço aos céus ter
tido a oportunidade de ter estudado a História do Brasil sob a ótica dos
grandes heróis, dos grandes acontecimentos. Vejam que tristeza que se tornou o
ensino brasileiro depois que isso foi erradicado, e entrado em seu lugar as
pedagogias freirianas, marxistas, marcusianas, gramcistas, enfim, toda esse
excremento comunistóide, toda essa pobreza coletivista que vem transformando
nossos jovens em bestas analfabetas e enfurecidas, revoltados com o Brasil. Se
antes saíamos da sala de aula cheios de esperança com o nosso país, honrados de
ser brasileiros, hoje existe ou o alienamento pleno, ou a ferocidade
anti-civilizatória. De resto, não custa lembrar que os governos militares não
se resumiram unicamente na tortura aos terroristas encarcerados. O tão
propagandeado ‘milagre econômico’, não existiu mesmo? Não teve o Brasil,
especialmente sob o governo do Presidente Médici, um salto econômico e
desenvolvimentista jamais visto antes? Mesmo porquê, o país passava por um
momento histórico inédito, da crescente urbanização do país. E a
infra-estrutura construída no período, as estradas, as usinas? Alguém pode imaginar,
por exemplo, o Rio de Janeiro sem a ponte Rio-Niterói, ou o Brasil sem Itaipu? E
comparemos: o atual governo socialista, há 12 anos mamando no poder, fez o quê,
a respeito de infra-estrutura? Simplesmente aproveita-se do que foi construído
durante os governos militares! E ainda levou a ruína nosso sistema educacional!
Se antes os grandes personagens de nossa História, aqueles homens que
impulsionaram o Brasil para a grandeza, eram exaltados com o merecimento que
conquistaram por suas atitudes corajosas e heróicas, hoje em dia, no processo
de desqualificação dos nossos vultos históricos, faz-se indispensável a
chacota, o deboche, a ironia e o sarcasmo ao retratar aqueles mesmos
personagens. Dentre eles, nenhum vem sendo tão ridicularizado quanto D. Pedro
I. Hoje em dia, nosso grande herói só é lembrado por suas fraquezas, por seu
gosto por noitadas e fascínio pelo sexo feminino. Os que atualmente dão as
cartas nos currículos escolares, e que não perdem oportunidade de menosprezar o
nosso primeiro Imperador, poderiam ao menos lembrar-se do que disse Humberto de
Campos:
As
aventuras amorosas de D. Pedro eram perfeitamente comentadas pelas anedotas da
malícia carioca. O povo, conhecendo alguma coisa de sua conduta particular, se
encarregou de elaborar a maior parte de todas as histórias ridículas em torno
de sua personalidade, que, se rude e sensual, não era diferente da generalidade
dos homens da época e tinha, não raras vezes, rasgos generosos, que alcançavam
os mais altos cumes do sentimento.
Ou
seja, aqueles que falavam que D. Pedro era mulherengo e beberrão eram, em sua
maioria, igualmente mulherengos e beberrões! Sem que detivessem, é claro, um
rasgo sequer de suas notáveis virtudes.
Se
o estrago feito pelos nossos pedagogos dos ensinos fundamental e médio foi
terrível, não se compara ao que foi feito e ainda vem sendo feito nas
universidades – especialmente nas do campo de humanas, notadamente nos cursos
de História, que vêm se especializando em transformar alunos em feras
rancorosas, odiando cada momento em que vivem no Brasil – claro, nem todos saem
assim, mas são tantos, e tão grandes estragos vêm promovendo na sociedade, que
não podem deixar de ser denunciados. Eu mesmo fui vítima dessa engrenagem
maligna: aluno do curso superior de História, lia muito Marx, Gramsci, Marcuse,
Hobsbawun, Paulo Freire, dentre uma incontável lista de teóricos comunistas. Só
vim a realmente estudar História, particularmente História do Brasil, depois
que concluí a faculdade. E hoje me pergunto, perplexo: como será possível que
um curso de História do Brasil que se preze, não conste em seu currículo um
autor como Octávio Tarquínio de Souza? (uma das mais preciosas fontes de
Laurentino Gomes, diga-se) Pois foi através desse valoroso historiador nascido
no ano de proclamação da República que nos foi legada a mais importante obra
sobre os Fundadores do Império Do Brasil, onde foi possível conhecer
verdadeiramente a importância de D. Pedro I para a nossa História. Souza o
retrata como um homem dotado de virtudes e defeitos, mas enfatizando a grandeza
de suas decisões num momento histórico decisivo para a nação brasileira. Foi
através da obra de Souza que pude constatar as fascinantes contradições daquele
personagem, um português de alma brasileira, ao mesmo tempo autoritário e
liberal (fechou a Assembléia Nacional sob a força dos canhões, e em seguida
outorgou uma Constituição que foi considerada muito avançada para a época, com
uma lei criminal e uma lei orçamentária inovadoras), explosivo e terno, marido
infiel e pai extremamente dedicado e amoroso, até mesmo com seus filhos
bastardos. Mas, o que mais impressiona ao se estudar cuidadosamente a vida de
D. Pedro, é a firmeza de seu caráter para tomar decisões políticas certas nos
momentos cruciais: no dia do ‘Fico’, no Grito do Ipiranga, na abdicação –
decisões corretíssimas que visavam, acima de tudo, a pacificação do Brasil. Sempre
enfrentando, desde a infância, difíceis problemas de saúde, danos
gastro-intestinais, e o mais grave deles: os ataques de epilepsia. E jamais nos
esqueçamos de que, quando optou por ficar no Brasil e posteriormente proclamar
sua Independência política, D. Pedro ainda não havia completado 24 anos de
idade! Um jovem, levado a tomar decisões tão importantes! E, no momento mais
doloroso, o de sua abdicação, renunciou não só ao trono, mas a si mesmo, à Pátria
amada que adotou como sua, ao filho e as filhas que tanto amava (seguiu com ele
somente a primogênita Maria da Glória, futura Maria II Rainha de Portugal),
tudo isso para que o Brasil não descambasse para a guerra fratricida!
Ninguém
nega os defeitos de D. Pedro, nem a História. A sua paixão descontrolada pelo
sexo feminino impediu-o de ser um marido fiel, e por isso várias humilhações
teve que suportar sua esposa, e mãe daquele que futuramente seria D. Pedro II,
a imperatriz Leopoldina. O Brasil tem muito a agradecer a esta senhora, por sua
dedicação familiar e sua presença importante nos eventos políticos, aliada
indispensável de José Bonifácio nos acontecimentos que antecederam a
Independência. A mais grave acusação que pesa contra D. Pedro I é a de que
teria espancado a imperatriz quando grávida, e resultando disto, um aborto.
Tarquínio de Souza diz expressamente que não há provas concretas sobre isso;
também Laurentino Gomes, anos depois e com maiores dados historiográficos, não
chega a uma conclusão perfeitamente afirmativa. Mas, de qualquer modo, as
diversas humilhações sofridas pela Imperatriz, diante das constantes
infidelidades do marido (notadamente no episódio da viagem a Salvador, onde D.
Pedro I, sem qualquer constrangimento, levou consigo sua amante Domitila de
Castro), fizeram adoecer o coração da nobre Leopoldina, tristeza e melancolia
que acabariam por levá-la à morte. O que os detratores de D. Pedro I omitem
dizer, foi o avassalador remorso que dominou os sentimentos do imperador depois
do falecimento de sua esposa, a ponto de desfazer o relacionamento com a amante
Domitila, e ter adotado postura totalmente distinta com sua segunda esposa, a
Imperatriz Amélia, com quem teve um relacionamento quase fiel – quase, afinal, o
homem era decididamente fascinado pelos prazeres do sexo.
Outro
ponto onde se procura de todas as formas diminuir a importância de D. Pedro I,
é o exato momento da proclamação da Independência, o Grito do Ipiranga. O
esforço dos pedagogos marxistas, aqueles que promovem entre os jovens o ódio
pelo Brasil, é ridicularizar o quanto possível aquele indispensável momento de
nossa História. A imagem que tínhamos durante os governos militares, era ainda
aquela do quadro de Pedro Américo, O
Grito do Ipiranga, de 1886. Nele, D. Pedro, trajado galantemente, montado
num fogoso alazão, cercado pelos Dragões da Independência, ergue a espada
triunfante, proclamando a Independência do Brasil. No filme de Carlos Coimbra,
essa imagem é posta em movimento, e lá ouvimos o retumbante brado
‘Independência Ou Morte’, vindo daquele D. Pedro interpretado majestosamente
por Tarcísio Meira, na seqüência cinematográfica que empolgava os espectadores
brasileiros. Octávio Tarquínio de Souza apresenta documentos históricos que
comprovam que a coisa não havia sido bem assim, que ao invés de um alazão, D.
Pedro montava num burrico, assim como sua delegação, pois era aquele o animal
mais indicado para percorrer aquelas regiões, na época. E que nosso herói havia
sido, de fato, acometido de alguma deturpação intestinal que lhe obrigou a
parar viagem, e neste momento recebeu a notícia de que as cortes portuguesas
exigiam seu retorno ao velho continente. Foi então que nosso nobre monarca
decidiu-se, de uma vez por todas, pela Independência política do Brasil.
Pois
bem, em momento algum, mesmo diante dos documentos, Tarquínio desmerece aquele
importante, decisivo momento histórico. Para ele, o fato de um jovem príncipe
ter tomado tão corajosa decisão, apenas enaltecia seu caráter. Mas, as
circunstâncias materiais daquele momento, a necessidade de se usar mulas como
transporte naquelas regiões inóspitas, e a fraqueza estomacal de D. Pedro (um
problema que o acompanhava desde a infância, agravado pela alimentação
inadequada da viagem) transformaram-se em momentos de grande escárnio, e, pasmem,
não somente para os historiadores marxistas, mas até mesmo um filósofo do porte
de Olavo de Carvalho escreveu texto ridicularizando D. Pedro por aqueles
motivos. Todos desmerecendo o fato de que um jovem de 23 anos se viu diante de
uma situação periclitante, que prescindia de uma decisão firme, corajosa, a
favor do Brasil. E desta forma agiu nosso Príncipe, a favor do Brasil, pouco
importa se montado num alazão ou num burrico, pouco importa se desfrutando de
plena saúde ou sofrendo problemas estomacais. Quando Pedro Américo apresentou
sua tela aos jornalistas no final do século XIX, defendeu seu trabalho diante
dos fatos históricos reais (citado por Laurentino Gomes):
Se
tal ocorrência foi com efeito real, e até mereceu atenção do cronista, ela é
indigna da História, contrária a intenção moral da pintura, e por consequência
imerecedora da contemplação dos
pósteros.
E
recorro ao cronista Nélson Rodrigues que, neste caso, não teria dúvida em
afirmar que, se a imaginação é melhor do que os fatos, pior para os fatos! Se
os intelectuais desprezam a proclamação da Independência do Brasil e seu principal
protagonista, o mesmo não acontece com a dupla de cancioneiros Carreiro e
Carreirinho, que apresentou ao público a graciosa moda de viola 500 Anos de Brasil, cantando, numa das
estrofes:
Salve D. Pedro I
A Independência Conseguiu
Lá nas margens do Ipiranga quando seu sangue subiu
A carta de Portugal ela tremeu quando abriu
Com seu braço rijo e forte
Gritou Independência ou Morte e ninguém deu um pio.
A Independência Conseguiu
Lá nas margens do Ipiranga quando seu sangue subiu
A carta de Portugal ela tremeu quando abriu
Com seu braço rijo e forte
Gritou Independência ou Morte e ninguém deu um pio.
A
respeito da vida de D. Pedro I após a abdicação, repousa um silêncio sepulcral
da parte dos historiadores marxistas, dos historiadores do deboche, do
sarcasmo, dos propagadores do ódio e da revolta entre os estudantes. De fato,
como ridicularizar as atitudes do nobre monarca, após 1831? Como negar o líder
militar inconteste na terrível lide contra as forças militares superiores do
irmão Miguel, o usurpador do trono português? Como desmerecer a heróica resistência
de um ano na cidade do Porto, até receber finalmente ajuda militar das grandes
potências da época, Inglaterra e França? Como não se emocionar sabendo que as
agruras daquela brava resistência agravaram em seu organismo as doenças das
quais já sofria, e que resultariam em sua morte, com pouco mais de trinta anos
de idade? Morte que só veio após outra vitória, a restauração do trono
português a favor de sua filha Maria da Glória, coroada como Maria II.
Eis
um grande desafio para nós, que nos denominamos ‘formadores de opinião’. Que
tipo de História devemos escolher para repassar aos mais jovens? Aquela contada
nos bancos escolares do tempo dos governos militares, exaltando os heróis
nacionais, os seus grandes feitos a favor do Brasil, quando explodíamos de
alegria ao assistir o filme Independência
ou Morte, ou aquela que temos hoje, e desde há vários anos, a ideologia
socialista-comunista que já formou uma geração de jovens que odeiam o Brasil,
cujas consequências puderam ser tristemente constatadas na cidade de São Paulo,
no 7 de Setembro de 2013: enquanto, na Avenida Paulista, os nojentos black
blocs queimavam a bandeira brasileira, no parque do Ibirapuera os molambentos
da extrema-esquerda vilipendiavam o Monumento dos Bandeirantes hasteando a
bandeira não do Brasil, mas da Cuba comunista! É isso que queremos para o
Brasil? Black blocs, pt e psol? Um “Cubão”? Quem não quiser odiar o Brasil e
seus heróis, encha o peito e grite comigo:
Viva
D. Pedro I!
Viva
o Grito do Ipiranga!
Viva
o Sete de Setembro!
Viva
a Independência do Brasil!
quarta-feira, 3 de setembro de 2014
O BOM & VELHO FAROESTE APRESENTA OS MAIS BRASILEIROS DOS PERSONAGENS DO FAROESTE EM Q UADRINHOS!!!
A nona edição de O Bom
& Velho Faroeste lançada pela cooperativa Júpiter II tem 32
páginas, e está especialíssima, apresentando duas aventuras inéditas de dois
personagens muito queridos entre os antigos leitores brasileiros dos
Quadrinhos: Flecha Ligeira e Cavaleiro Negro. O primeiros os fiéis
leitores da Júpiter II, jovens e maduros, já puderam conhecer ou rever em duas
aventuras publicadas nesta mesma coleção de O
Bom & Velho Faroeste, primeiramente no número 3, uma aventura produzida
ainda nos tempos da Rio Gráfica e Editora (RGE) no final dos anos 60 do século
passado, escrita e ilustrada por José Menezes, mas que ainda não havia sido
publicada até então (relembrem aqui: http://www.jupiter2hq.blogspot.com.br/2011/06/heroi-do-velho-oeste-e-atracao-do.html).
Em nosso número 6, rabisquei um argumento para que Menezes idealizasse mais uma
aventura inédita do personagem (confiram aqui: http://www.jupiter2hq.blogspot.com.br/2013/03/flecha-ligeira-retorna-em-aventura.html).
Para esta nona edição, mais uma vez tive a honra de rascunhar uma nova aventura
do Flecha Ligeira, novamente
ilustrada pelo Menezes, e nada mais justo, afinal, foi o mesmo Menezes quem
desenhou várias aventuras do personagem, nos tempos da RGE. Já o reaparecimento
do Cavaleiro Negro, devemos a
generosidade do José Menezes, que por livre e espontânea vontade decidiu
presentear o editor e os leitores da Júpiter II com uma inédita HQ do tão
querido caubói mascarado. A capa que vocês podem conferir acima é arte de
Adauto Silva, ele também muito satisfeito em desenhar dois de seus heróis de juventude
– e nós mais satisfeitos ainda, poder mais uma vez apreciar a arte deste grande
artista que, assim como Menezes, é um ex-RGE (no gibi Adauto ainda nos brinda
com duas ilustrações do balacobaco, retratando os dois heróis). Coube a mim
humildemente complementar a edição, apresentando um resumo histórico desses
personagens que são os mais brasileiros dos heróis do faroeste em Quadrinhos, e
na sessão Os Grande Clássicos do Western comento sobre o filme Vingador Impiedoso/Dallas, com o
inesquecível Gary Cooper. (JS)
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